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sábado, 29 de outubro de 2011

CONFIRMADO O III ENCONTRO DE GENEALOGIA EM CAICÓ EM NOVEMBRO

RECEBEMOS DO CONFRADE ARYSSON SOARES DA SILVA A INFORMAÇÃO SOBRE A REALIZAÇÃO DA III EDIÇÃO DO ENCONTRO NORTE-RIO-GRANDENSE DE GENEALOGIA QUE ACONTECERÁ EM CAICÓ NO PRÓXIMO MÊS,NOS DIAS 25,26 E 27, ONDE NA OPORTUNIDADE IREMOS HOMENAGEAR OS 80 ANOS DE EXISTÊNCIA DO NOSSO COLEGA E ESCRITOR SINVAL COSTA.
TUDO CERTO, O EVENTO SERÁ MESMO REALIZADO NA SEDE DO PODER LEGISLATIVO CAICOENSE,ONDE IREMOS DURANTE OS 03 DIAS ASSISTIR E PARTICIPAR DE PALESTRAS SOBRE O ASSUNTO NAQUELE PLENÁRIO.

(breve daremos mais detalhes)

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Vem aí o III Encontro de Genealogia em Caicó

CONFIRMADO O III ENCONTRO DE GENEALOGIA EM CAICÓ EM NOVEMBRO

ESTIVE HOJE NA CÂMARA MUNICIPAL DE CAICÓ EM REUNIÃO COM O PRESIDENTE DAQUELA AUGUSTA CASA-DILSON FREITAS FONTES-"LELEU",CUJA PAUTA DA NOSSA REUNIÃO FOI UNICAMENTE A REALIZAÇÃO DA III EDIÇÃO DO ENCONTRO NORTE-RIO-GRANDENSE DE GENEALOGIA QUE ACONTECERÁ EM CAICÓ NO PRÓXIMO MÊS, NOS DIAS 25,26 E 27,ONDE NA OPORTUNIDADE IREMOS HOMENAGEAR OS 80 ANOS DE EXISTÊNCIA DO NOSSO COLEGA E ESCRITOR SINVAL COSTA...TUDO CERTO O EVENTO SERÁ MESMO REALIZADO NA SEDE DO PODER LEGISLATIVO CAICOENSE,ONDE IREMOS DURANTE OS 03 DIAS ASSISTIR E PARICIPAR DE PALESTRAS SOBRE O ASSUNTO NAQUELE PLENÁRIO.
ATT:ARYSSON SOARES DA SILVA

Manuscritos de Genealogia - Manuelzinho do Navio e Genealogia da Família Dantas

Prezados colegas do INRG,

Escrevo-lhes para compartilhar algumas fontes de pesquisa que dizem respeito à genealogia do Seridó e, também, efetuar uma consulta acerca de outros manuscritos de genealogia.. Compartilhar informações e fontes de pesquisa, acredito, além de saudável, contribui para a disseminação do conhecimento. Nesse sentido, acredito que as fontes que ora vos disponibilizo poderão ser úteis, eventualmente, ou, apenas conhecimento a ser acumulado. 

1) "Genealogia dos nossos antipassados referentes aos differentes ramos de nossa ascendencia q.e são = Medeiros, Araújos, Dantas e Silvas"
Esse tratado de genealogia foi elaborado pelo coronel Manuel Maria do Nascimento Silva (Manuelzinho do Navio) e transcrito para um caderno de anotações em 1909. Antecede uma "Historia das Seccas e suas consequencias desde o começo do ceculo de 1700 athe a presente dacta", que é uma atualização do manuscrito escrito em 1847 pelo seu tio-avô Manuel Antonio Dantas Corrêa e publicado no livro "Secas contra a seca", de Filipe e Teófilo Guerra. Esse estudo de genealogia é bastante representativo pois apresenta uma visão mais geral das genealogias das famílias tradicionais que se construíram no sertão do Seridó a partir da chegada dos conquistadores luso-brasílicos. Tal manuscrito, até onde sabemos, foi utilizado por José Augusto na elaboração do seu "Famílias Seridoenses". Jayme Santa Rosa também cita a contribuição de Manuelzinho do Navio na composição do seu "Acari: fundação, história e desenvolvimento". Hoje o manuscrito de Manuelzinho do Navio encontra-se armazenado no Fundo José Augusto Bezerra de Medeiros, no Laboratório de Documentação Histórica (LABORDOC) do CERES-UFRN. Fiz fotografia do manuscrito, que disponibilizo para download:
Para quem for utilizar esse manuscrito em suas pesquisas, por favor, fazer a citação devida ao arquivo onde encontra-se guardado: LABORDOC. Fundo José Augusto Bezerra de Medeiros. SILVA, Manuel Maria do Nascimento. Genealogia dos nossos antipassados referentes aos differentes ramos de nossa ascendencia q..e são = Medeiros, Araújos, Dantas e Silvas [e] Historia das Seccas e suas consequencias desde o começo do ceculo de 1700 athe a presente dacta. Fazenda do Navio, 16 jul 1909.

2) "Genealogia da familia Dantas"
Uma cópia desse manuscrito encontra-se no acervo pessoal de dom José Adelino Dantas, que encontra-se guardado no Museu Histórico Nossa Senhora das Vitórias, em Carnaúba dos Dantas. Digitalizei essa cópia e também disponibilizo para que vocês façam download. É um manuscrito que historiciza a descendência de Caetano Dantas Corrêa, mas, como está incompleto (finda nos filhos de Alexandre Dantas Corrêa e Joana Francisca de São José), não está assinado. Disponibilizo, também, para que vocês possam opinar sobre a autoria. Essa cópia do manuscrito estava junto com cópias de alguns artigos que José de Azevêdo Dantas (1890-1929) escreveu no início do século XX. Presumo que possa ser de sua autoria ou, ainda, de seu irmão Mamede de Azevêdo Dantas. 
Tenho algumas considerações a fazer que podem elucidar, a partir dos vossos conhecimentos, a autoria desse manuscrito: a) Olavo de Medeiros Filho o utilizou amplamente na composição dos descendentes de Caetano Dantas em seu "Velhas Famílias do Seridó", o que é perceptível apenas a olhar a estrutura da descendência desse livro e do manuscrito; outrossim, na primeira página, para quem conhecia a grafia do mestre Olavo, é claro que é a sua letra, em caneta preta, retocando uma parte esmaecida do documento; b) o autor do documento o produziu no início do século XX, pois, faz referência à "floressente Povoação de Carnaúba", hoje, cidade de Carnaúba dos Dantas (a povoação existiu como tal de 1900 a 1938); c) o autor do documento, também, conheceu o manuscrito de Manuel Antonio Dantas Corrêa (há trechos que são, visivelmente, extraídos dele) e os inventários de Caetano Dantas e seu irmão Gregório Dantas, que são textualmente citados. 
O link para download é o seguinte:

3) Manuscritos de genealogia
Como já comuniquei a vocês em outro e-mail, estou desenvolvendo um trabalho de doutoramento acerca do fenômeno das mestiçagens no Seridó. Concluí um primeiro capítulo da tese, onde discuto, entre outros assuntos, a prática corrente, no Seridó antigo, de se escrever cadernos com apontamentos de genealogia pelos nossos ancestrais em suas fazendas e sítios. Analisei o manuscrito de Manuelzinho de Navio como sendo o mais representativo (até onde conheço), mas, gostaria de indagar de vocês se poderiam me dar informações acerca de outros moradores do Seridó antigo que também deixaram escritos em forma de cadernos de apontamentos acerca de genealogia. Não é o objeto central da tese, mas, gostaria muito de citar mais exemplos, para que essa mera remissão possa inspirar estudos acadêmicos mais profundos sobre genealogia. Por enquanto, nesse capítulo da tese, citei (além do texto de Manuelzinho do Navio) o (por enquanto anônimo) "Genealogia da família Dantas"; o texto Alguns ramos genealógicos que precederam ou se entroncaram em alguns famílias do Nordeste brasileiro, de Clementino Camboim; e as Anotações genealógicas, de Filipe Guerra. 

Saudações,
Helder Macedo

quarta-feira, 19 de outubro de 2011


C O N V I T E

A União Brasileira de Escritores - UBE/RN convida Vossa Senhoria para participar da Sessão Solene do IV Encontro Potiguar de Escritores, no dia 24 de outubro, às 19h, no auditório da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, sita à Rua Mipibu, 443, na Cidade Alta.
Sem mais para o momento, desde já agradece a sua CONFIRMAÇÃO através do telefone (84) 9983-6081 ou do e-mail eagosson@gmail.com


Cordialmente,
Eduardo Gosson
Presidente UBE/RN

IV ENCONTRO POTIGUAR DE ESCRITORES – IV EPE

De 24 a 26 de outubro de 2011

Coordenador Geral:
Eduardo Antonio Gosson

Coordenadores Adjuntos:
Aluízio Mathias
Carlos Roberto de Miranda Gomes
Clauder Arcanjo
Cid Augusto
Francisco Alves da Costa Sobrinho
José Lucas de Barros (Academia de Trovas do RN)
Maria Rizolete Fernandes
Maurício Garcia (SPVA)

Comissão de Divulgação
Alex Gurgel (Grande Ponto)
Franklin Jorge (O Santo Ofício)
Francisco Alves da Costa Sobrinho
Cid Augusto (O Mossoroense)
Jania Maria de Souza
J. Pinto Júnior (Jornal Potiguar Notícia e TV Bandeirantes)
Lucia Helena Pereira (Verde Canavial)
Maria Vilmaci Viana (Vivi Cultura)
Nelson Patriota (Diretor de Divulgação)
Paulo Jorge Dumaresq (Assessor Especial de Imprensa)

Local: Academia Norte-Rio-Grandense de Letras
Data: 24 de outubro de 2011(Abertura)
Hora: 19h
Data:25 e 26
Hora: 09 às 18h


PROGRAMAÇÃO

24.10.11, segunda-feira:

ATO PÚBLICO

A União Brasileira de Escritores - UBE/RN convida Vossa Senhoria para participar da CAMPANHA EM DEFESA DA BIBLIOTECA CÂMARA CASCUDO que está agonizando.
DATA: 24.10.2011 (segunda-feira)
HORA: 8h30m
LOCAL: Pça das Flores - Petrópolis


Eduardo Antonio Gosson
Presidente



18h – Abertura Solene:
.Discurso do Presidente da UBE/RN e entrega de Diploma aos remanescentes de 14 de agosto de 1959 (vivos e in memoriam)
(Eduardo Gosson)


19h30 – As aventuras de Teresa Margarida da Silva e Orta em Terras de Brasil e Portugal
(Conceição Flores)

25.10.11- terça-feira


09h – De Poetas e Suas Poesias: Uma Viagem no Tempo
(Ciro Tavares)


10h30 – Belle Époque Potiguar
(Tarcísio Gurgel)


15h – Propostas dos gestores públicos para a Cultura Potiguar
(Isaura Rosado Maia- FJA e Roberto Lima- FUNCARTE)
Moderador: Eduardo Gosson


16h30 – Direito e Literatura
( Jurandyr Navarro, Manoel Onofre Júnior e Miguel Josino)
Moderador: Carlos Gomes


18h – Sarau com a Academia de Trovas RN (Coordenação José Lucas de Barros)com a participação de alunos e professores da rede pública;
.O escritor Paulo Dumaresq lança duas peças – Bocas que murmuram e O retorno do Adônis) em livro

26.10.11, quarta-feira:


09h - Contribuição Cascudiana para História, Etnografia e Literatura Oral
(Anna Maria Cascudo Barreto, Diógenes da Cunha Lima e Vicente Serejo)
Moderador: Roberto da Silva


10h30 – Instituto Cultural do Oeste Potiguar – ICOP
(Aécio Cândido)
15h – Vozes Femininas na Literatura Potiguar
( Valdenides Dias)


16h30 – A questão do livro e da leitura
(Claudia Santa Rosa,Erileide Rocha e Fernando Mineiro)
Moderador: Chico Alves
18h – Lançamentos de livros e sarau (SPVA)
Coordenação: Maurício Garcia


HOMENAGEADOS NO IV ENCONTRO POTIGUAR DE ESCRITORES
REMANESCENTES DE 14 DE AGOSTO DE 1959

A.VIVOS

AFONSO LAURENTINO RAMOS
JOSÉ SANDERSON NEGREIROS
EIDER FURTADO DE MENDONÇA E MENEZES
ENÉLIO LIMA PETROVICH (Lucia helena da pereira)
DORIAN GRAY CALDAS


B. IN MEMORIAM

ALUIZIO ALVES (Aluizio Alves Filho)
ANTÍDIO DE AZEVEDO (Max Azevedo)
ALVAMAR FURTADO (Jorge Galvão)
AUGUSTO SEVERO NETO (Lúcia Beltrão)
AMÉRICO DE OLIVEIRA COSTA (Vitória da Costa)
BERILO WANDERLEY (Maria Emília)
EDGAR BARBOSA (Ronaldo Villaça)
ESMERALDO HOMEM DE SIQUEIRA (Juliano Siqueira)
HÉLIO MAMEDE DE FREITAS GALVÃO (José Arno Galvão)
JAIME DOS GUIMARÃES WANDERLEY (Racine Santos)
JOSÉ SATURNINO DE PAIVA (Ivani Paiva)
JOÃO VICENTE DA COSTA (Manoel Onofre Júnior)
LEONARDO BEZERRA (Laélia Bezerra)
LUÍS DA CÃMARA CASCUDO (Anna Maria Cascudo Barreto)
MANOEL RODRIGUES DE MELO (Teresa Aranha)
OTHONIEL MENEZES DE MELO (Laélio Ferreira de Melo)
PAULO PINHEIRO DE VIVEIROS
RAIMUNDO NONATO DA SILVA
ViINTHG-UN ROSADO (Cid Augusto da Escóssia Rosado)

domingo, 16 de outubro de 2011

BIBLIOTECA PÚBLICA CÂMARA CASCUDO

RELATÓRIO

O presente Relatório é fruto de uma visita feita pelo presidente da União Brasileira de Escritores – UBE/RN, escritor Eduardo Gosson, à Biblioteca Pública Câmara Cascudo, na manhã do dia 23 de setembro de 2011, com a finalidade de diagnosticar a situação desta instituição. Fomos recebidos pelo diretor, senhor Márcio Rodrigues Farias, que nos relatou a situação:

1. RECURSOS HUMANOS

 .A Biblioteca-mãe do sistema conta com 20 vagas para o cargo de bibliotecários, onde atualmente somente 04 profissionais estão ativos. Precisa de 15 novos bibliotecários para atender a demanda;

. No momento não dispõe de nenhum funcionário para fazer o serviço de limpeza e manutenção.

2. INFRAESTRUTURA

. O prédio encontra-se com infiltrações generalizadas, rachaduras e com ferrugem em todo o sistema elétrico, ocasionando o fechamento à noite;

. Não há extintores contra incêndio na instituição.

3. ACERVO

. O Acervo é composto de 94.000 livros;

. Encontra-se sem manutenção devido à falta de pessoal de limpeza;

. O acervo de Autores Potiguares é pouco devido as doações dos nossos escritores serem mínimas.

. A Biblioteca dispõe de um site www.bpcamaracascudo.webnode.com.br

04 . PERSPECTIVAS

Há no Minc um projeto de revitalização no valor de um milhão e meio (90% concluído) aguardando sua aprovação.

Natal/RN, 23 de setembro de 2011
EDUARDO ANTONIO GOSSON
Presidente da UBE/RN
__________________

CONVITE

        A União Brasileira de Escritores - UBE/RN convida Vossa Senhoria para participar do ATO PÚBLICO em defesa deste patrimônio da sociedade potiguar que está se acabando  por descaso dos governantes e nossa indiferença.
DATA: 24.10.11 (SEGUNDA-FEIRA)
HORA: 8h30
ONDE: PRAÇA DAS FLORES-Petrópolis

EDUARDO GOSSON
     Presidente

domingo, 2 de outubro de 2011

O massacre de Uruaçu

O massacre de Uruaçu
Nesse dia 3 de outubro é feriado no Rio Grande do Norte. Há 366 anos atrás, ocorreu um massacre na localidade de Uruaçu. Vamos encontrar no livro o Valeroso Lucideno, de Frei Manuel Calado, uma carta do Capitão Lopo  Curado, escrita 20 dias após o ocorrido. Ele colheu informações das viúvas e órfãos que foram levadas do Rio Grande do Norte para a Paraíba.
BREVE, VERDADEIRA, E AUTÊNTICA 
Relação das últimas tiranias, e crueldades, que os pérfidos holandeses usaram com os moradores do Rio Grande, escrita pelo Capitão Lopo Curado aos dois mestres de campo, e governadores da liberdade de Pernambuco, João Fernandes Vieira, e André Vidal de Negreiros: 
Em particular aviso a Vossas Senhorias do memorável sucesso do Rio Grande, depois das duas matanças que fizeram os tiranos flamengos, acompanhados de bárbaros Tapuias e Pitiguares, e nesta derradeira, certo que é incrível a tirania, no qual servirá de maior exemplo, e que escureça todas quantas têm sucedido no mundo em tempo dos imperadores romanos antigos; memória que haverá enquanto durar o dito; pois o sangue derramado de tantos inocentes, clama aos céus justiça, e aos príncipes da terra favor, a tomar vingança de tais tiranos: e para relatar os sucessos, e modos que houve entre os ditos flamengos de suas deslealdades, e traições, é tomar o tempo a Vossas Senhorias, ainda que o mesmo o há de manifestar; porque tais tiranos quer Deus que os conheçam, para que a cristandade veja, que mais vaIe passar por todos os tormentos da morte, que viver morrendo entre o nome de tal gente. Patente é a Deus, e ao mundo, e o será daqui em diante às mais remotas nações dele, a traição que usaram os ditos holandeses com os pobres moradores do Rio Grande, estando em uma cerca recolhidos por se livrarem dos bárbaros Tapuias, e Brasilianos, passando, e padecendo nela havia três meses notáveis misérias, nos quais foram acometidos por muitas vezes dos tais inimigos, que ainda não fartos do sangue, que fizeram derramar ao povo de Cunhaú, e casa forte de João de Lostao, pretenderam esgotar o desta pobre gente cercada, para que nela se acabasse o nome português daquela Capitania, para o que dezesseis dias, e noites os tiveram em cerco, assim Tapuias, como Brasilianos e Flamengos, nos quais lhes deram terríveis baterias sem as poderem levar, usando de um ardil, para com ele fazer a obra que pretendiam. E foi, que armaram uns carros emadeirados, levando-os diante de si, com mosquetaria, e outros instrumentos de guerra para chegarem à dita cerca, mas não foi bastante este artifício, porque setenta portugueses que havia nela, ainda que poucos no número, mas muitos no esforço, os arredaram de si de maneira com quinze armas de fogo, e os mais com paus tostados, que lhe quebraram os carros, e os puseram em fugida com perda do dito inimigo de vinte homens, sem da nossa parte perigar nenhum, e vendo os ditos flamengos que os não podiam render, lhes cometeram que se entregassem, pois eles eram ali vindos da fortaleza, e seu tenente, para os guardarem assim dos ditos selvagens, como dos Flamengos moradores, que com os ditos estavam, os quais lhes tinham feito aquela guerra. E vendo os ditos moradores o tão pouco que se podiam fiar da palavra de tiranos, disseram, que enquanto ali estivessem Tapuias e Brasilianos, queriam antes morrer, que se entregar; e que tinham bom exemplo na traição das mortes, que fizeram no Cunhaú na casa forte de João de Lostao, ao que lhes responderam, que em nome de S. Alteza o Príncipe de Orange, lhes requeriam se entregassem, e não usassem mais de armas, prometendo-lhes vidas, e fazendas, na maneira que até então os gozavam, e fazendo o contrário que mandariam vir uma peça de artilharia da fortaleza, e com ela os bateriam, e não escaparia nenhum, e os teriam por alevantados. E considerando os ditos cercados, que já não tinham mantimentos nenhum, nem munições para sustentar as armas, fiados nas palavras dos ditos Flamengos, lhes disseram que fizessem disso um papel, o qual fez o tenente, e os mais oficiais de guerra, em que se assinaram, e nele lhes prometeram de os guardar dos ditos selvagens Tapuias, e Brasilianos, e conservar com a vida, e fazenda; e feito o sobredito, pediram que em reféns haviam de levar cinco moradores para a fortaleza, o que lhes foi concedido: os quais foram Estêvão Machado de Miranda. Vicente de Souza Pereira, Francisco Mendes Pereira, João da Silveira, Simão Correia, deixando eles dez soldados de guarda da dita cerca, e gente que nela estava; e tomaram todas as armas de fogo, e paus tostados com que os moradores se tinham defendido. Estavam mais recolhidos para segurarem suas vidas na fortaleza o P. Vigário Ambrósio Francisco Ferro, Antônio Vilela o Moço, Joseph do Porto, Francisco de Bastos, e Diogo Pereira, e prisioneiros João Lostao Navarro, Antônio Vilela Cid. Em dois do presente mês de outubro chegou uma lancha do Recife ao Rio Grande, e conforme a execução que se fez, trouxe ordem para matar a todos os moradores de dez anos para cima, como ao diante se verá; em três do dito mês véspera de S. Francisco mandaram os Flamengos da fortaleza sair a todos os moradores que nela estavam, que foram os acima nomeados, dizendo que já estavam seguros dos Tapuias, porquanto se tinham ido para o sertão, e que fossem em companhia da tropa que ia em sua guarda para a cerca aonde estavam os outros moradores, visto haver lá muitos mantimentos com que se podiam sustentar, e não estando na dita fortaleza passando fomes por falta de mantimentos, e que iam seguros porquanto tinham lá na dita cerca aos ditos dez soldados, que lhes tinham deixado para sua guarda. No mesmo ponto lançaram aos ditos, que estavam na fortaleza, e em batéis os levaram pelo rio acima três léguas, acompanhados dos soldados, e os lançaram fora do porto do dito Rio, chamado de Uruaçu meia légua da dita cerca, na qual acharam passante de duzentos Brasilianos bem armados com Antônio Paraupaba escaramuçando em um cavalo, e tanto que estiveram em terra, os Flamengos despiram nus aos ditos moradores, e os mandaram pôr de joelhos (o que eles receberam com muita paciência, e os olhos em Deus) e logo chamaram aos Brasilianos para os matar, o que se executou logo, fazendo nos corpos destes mártires tais anatomias, que são incríveis; e não contentes com elas, os ditos Flamengos, os ajudaram a matar, assim arrancando os olhos a uns, e tirando as línguas a outros, e cortando as partes vergonhosas, e metendo-lhes nas bocas. No mesmo instante que os acabaram de matar, foram os ditos Flamengos à cerca deixando os Brasilianos no lugar em que tinham feito os martírios nomeados para a segunda execução; e aos moradores disseram, que os senhores do Concelho do Recife os mandavam chamar, para o que estava um barco logo para partirem, e que fossem em sua companhia para os embarcarem, e vendo os sobreditos que era a viagem tão apertada, sem lhes darem demora alguma, e sem saberem dos que eram mortos, e disseram todos juntos, e cada um por si, que eles iam  morrer, porque seus corações lhos diziam; e despedindo-se com lágrimas, e suspiros de mulheres, filhos, irmãos e irmãs, foram todos dando graças a Deus, e mui conformes, por morrerem por seu Deus, e por seu Rei, e sua pátria, e dizendo estas mesmas palavras aos tiranos algozes que os levavam; e chegando aonde estavam os sobreditos Brasilianos lhos entregaram, e com a tirania, e desumanidade que em seus corações habita, os mataram, sem ficar nenhum; na qual execução se fizeram as maiores anatomias, e martírios nos corpos destes mártires, que são coisas que a boca não pode pronunciar. E acabante as ditas mortes deixaram os corpos postos ao sol, e sobre a terra, e sem sepultura nenhuma, e os membros tão divididos em partes, que não se conhecia quais eram os de cada um dos ditos mártires. No mesmo instante foram os mesmos tiranos Flamengos, e Brasilianos à cerca, aonde somente ficaram as pobres viúvas, e órfãos, e as acabaram de despojar de todos seus bens, deixando-as a muitas nuas, e com outros opróbrios, que passo em silêncio. Julguem agora Vossas Senhorias o que fariam as pobres viúvas, quando souberam dos mesmos algozes, que todos os homens eram mortos, e tão cruelmente, para que os olhos se aprestaram a fontes, e as bocas, para as funerais lamentações de seus consortes, pois é de ver (meus senhores) que até isto estes tiranos tiraram a esta pobre gente, porque querendo lamentar com suspiros, e lágrimas seus desventurados dias; estes tais lho não queriam consentir, e as fizeram calar, ora com ruins palavras, ora com pés, e mãos, dando-lhe de bofetadas, e coices, e ameaçando-as, que as haviam de matar se choravam; e por não passar em silêncio nas pessoas, e nomes de alguns mártires, os declararei por a constância que tiveram em suas mortes, e martírio, Antônio Baracho casado o amarraram em um poste, e vivo lhe arrancaram a língua, e depois o coração, e desta maneira morreu, cortando-lhe suas partes secretas, e metendo-lhas na boca ainda em vivo. A Mateus Moreira o abriram por as costas, e lhe tiraram também o coração, e as últimas palavras, estando neste martírio, que disse, foram louvar a Deus, dizendo: Louvado seja o Santíssimo Sacramento. E porque na morte destes Inocentes, houvesse admiráveis circunstâncias, relatarei a Vossas Senhorias algumas coisas que sucederam mais milagrosas que humanas. Um mancebo por nome João Martins o levaram para morrer com os mais, e sendo todos mortos à vista do sobredito, lhe cometeram que dariam a vida se tomasse armas contra sua nação, a que ele respondeu com alegre rosto: Não me desampara Deus desta maneira, essas tomei sempre contra os tiranos, e não contra minha Fé, Pátria, e Rei. E que o matassem logo porque estava invejando as mortes de seus companheiros, e a glória que tinham recebido, e quando o não quisessem matar, ele mesmo os persuadiria a que o fizessem.
Dois mancebos casados, um chamado Manuel Álvares IIha, e outro Antônio Fernandes, depois de estarem em terra cheios de feridas, e nus da cinta para cima, meteram as mãos nas algibeiras, e puxando cada um por sua faca, e investindo com os Brasilianos mataram logo a três deles, e feriram a quatro ou cinco, fazendo isto com as ânsias da morte, e logo caíram mortos outra vez. Estêvão Machado de Miranda tinha uma menina de sete anos sua filha na fortaleza em sua companhia, e trazendo-a consigo a receber o martírio, vendo a dita menina que os flamengos queriam matar a seu pai, como aos outros presentes, se abraçou com ele, pedindo a vida do pai com as lamentações, e entendimentos de mulher de muitos anos, e os Flamengos a tiraram dos braços do dito pai, ao que lhe disse o dito: Filha, dize a tua mãe que se fique embora, que no outro mundo nos veremos. E desta maneira o mataram, e a menina tirou a saia depois do pai morto, e se foi para ele, e cobrindo-lhe o rosto, e chorando, e pedindo que a matassem também, a quem os ditos algozes lançaram mão da dita saia, e trouxeram a menina a sua mãe, e ela, e os mais contaram o caso. Uma filha de Antônio Vilela, o Moço, mataram sendo criança pequena, pegando-lhe os Tapuias à vista dos Flamengos em uma perna, e dando-lhe com a cabeça em um pau, e a fizeram em dois pedaços. E a outra filha de Francisco Dias, o Moço, a mataram também, e a abriram em duas partes com um alfange. E a uma mulher casada com Manuel Rodrigues Moura, depois do dito morto, lhe cortaram as mãos, e os pés, e a sobredita mulher em três dias naturais esteve deitada no chão viva, e acabou dando a alma ao Criador.
Diversos martírios deram neste dia aos corpos dos mártires, e houve nele muitos milagres patentes, vistos, que quis Deus mostrar que os tais iam a gozar da bem-aventurança.
Sucedeu, pois, que aquela noite que padeceram se ouvisse uma música no céu sobre a fortaleza do Rio Grande, e ouvindo-a a mulher de um flamengo chamado Gesman governador das armas nesse Recife, se levantou chamando por algumas mulheres, e também por suas escravas para que ouvissem a música que ia no céu, o qual caso testificou a sobredita; certo presságio que foram os anjos que acompanhavam as almas destes mártires para o céu. Na cerca donde tinham saído os ditos mártires estava entre outras meninas uma filha de Diogo Pinheiro, de idade de oito anos, chamada Adriana, e dando-lhe vontade de chorar, entrou para uma camarinha por não ser vista, aonde achou uma mulher com um azorrague na mão, e lhe disse: Cala-te filha, que com este azorrague que aqui vês, hão de ser castigados estes que fazem estas crueldades, como logo saberás.
Atribulada a menina saiu para fora, e vendo as mulheres a mudança dela, lhe perguntaram o que tinha? E como assombrada contou o sucesso, e daí a pouco chegou a nova dos inocentes mortos, que certo bem parece que a Virgem Senhora Nossa tem tomado o castigo destes tiranos à sua conta. Naquela mesma noite houve grande cheiro de incenso na dita cerca, que durou muito tempo, e foi patente a todos, sem se saber donde o dito cheiro procedia senão do céu. Houve também entre estes mártires grandes penitências, sem saberem uns dos outros, e ao dia que padeceram, jejuavam todos a pão, e água, assim os da fortaleza, como os da cerca, não sabendo uns dos outros, ao outro dia por a manhã pediram licença as mulheres para irem a enterrar os corpos mortos, e não lho consentiram; o que os escravos fizeram às escondidas, e não se achou um palmo de pano para os amortalharem a nenhum, por deixarem as ditas mulheres em estado que ficaram despidas de todo, achou-se que todos estes corpos estavam com cilícios, e os que os não tinham com cordas cingidas, e algumas tão metidas por a carne que mal apareciam. E sabe-se que durante o tempo que estavam cercados houve extraordinárias penitências, e até os meninos as faziam, sendo todos nus, e com cordas cingidas, e todos os dias se faziam procissões com um Santo Crucifixo, esperanças claras destas almas estarem gozando da bem-aventurança. Sobre a sepultura aonde foi enterrado o P. Vigário Ambrósio Francisco Ferro se achou quinze dias depois da sua morte uma posta de sangue fresca sem corrupção, como se naquela hora fosse derramado, mostras bastantes, que o tal brada ao céu justiça. Muitas outras coisas milagrosas sucederam, dignas de se recontarem, que deixo ao tempo, no qual fio não passará, e todas acima declaradas foram vistas, e juradas, e autênticas por vinte cinco mulheres que o inimigo botou nesta Paraíba, com suas famílias, as ditas chegaram de maneira, e tão transfiguradas que mais parecem pessoas ressuscitadas que viventes corpos.
O Bolestrate as mandou deitar aqui, e a algumas lhes concedeu alguma roupa que traziam sobre os corpos, mas em as querendo desembarcar em terra as despiram de maneira que apenas trouxeram camisas, as quais lhe largaram por já não terem préstimo para serviço de outro corpo. Vossas Senhorias perdoem o compêndio da carta, que lhes afirmo que se houvera de relatar o que se tem passado naquela Capitania houvera mister muitas mãos de papel, contudo o faço destas sobreditas coisas acima, que não faltarão curiosos para o fazer do mais que falta, porque Deus o permite, e manda que sejam públicas as maldades destes tiranos.
Deus guarde a Vossas Senhorias, hoje vinte e três de outubro de mil e seiscentos e quarenta e cinco anos.Lopo Curado Garro

Casamentos entre índios e portugueses

Manoel Pinto de Castro, secretário deste governo, por ausência do secretário atual, certifica em: Como por ordem do capitão-mor desta Capitania do Rio Grande do Norte Pedro de Albuquerque, e Mello, registrei no livro 18 dos Registros de Ordens e Alvarás Reais, que serve nesta secretaria, o Alvará de Lei porque sua Majestade, que Deus Guarde, é servido declarar que os vassalos deste Reino, e da América que casarem com índios dela não ficam com infâmia alguma, antes se farão dignos de Sua Real Atenção, e serão preferidos nas terras em que se estabelecerem para os lugares e ocupações que conhecerem na graduação de suas pessoas, e seus filhos e descendentes serão hábeis e capazes de qualquer emprego, honra e dignidades sem que necessitem de dispensa alguma em razão deste alcançar em que se compreendem os que já se acham feitos antes desta resolução e que o mesmo se praticará com as portuguesas que casarem com os índios, e a seus filhos e descendentes como se declara no mesmo alvará, o que todo o referido passa na verdade e para constar passei a presente certidão por mim  feita e assinada em 28 de abril de 1756. Manoel Pinto de Castro.
Transcrito do Centro de Memória Digital da Universidade de Brasília

sábado, 1 de outubro de 2011

ACADEMIA MACAIBENSE DE LETRAS
ELOGIO À PATRONESSE AUTA HENRIQUETA DE SOUZA
DIA 12 DE SETEMBRO DE 2010.


Saudações Acadêmicas!
A história desta cidade nos induz à contemplação de um belo mural de estrelas que compõem a cultura macaibense.

Cada uma possuidor de brilho próprio, específico, robustecido pelo reconhecimento dos conterrâneos, dos co-estaduanos, e  até por brasileiros afoitos pelo otimismo de suas esperanças, como OLAVO BILAC, JACKSON DE FIGUEREDO, TRISTÃO DE ATAIDE, NESTOR VICTOR, GONÇALVES DIAS, LUIZ MURAT E, ENTRE NÓS, LUIZ DA CÂMARA CASCUDO, amantes das letras brasileiras, principalmente de nossa poesia romântica, os quais divulgaram com a maestria dos cultores.

Algumas dessas estrelas, infladas pelo reconhecimento nacional, chegaram ao rol dos notáveis.

Macaíba, guardadas as proporções de cidade provinciana, no final do século XIX e início do século XX, crescia na conceituação das crônicas culturais das metrópoles nordestinas, pois que era detentora de um painel de personalidades de inestimável valor, ampliando, de maneira panorâmica, a moldura deste rincão, desenhado às margens do Jundiaí.

Sentinela avançada da cidade do Natal, que é cercada de dunas; que é ribeirinha do estuário do Rio Grande e do mar.  Macaíba – com a qual a capital se ligava somente por via fluvial, tornara-se entreposto comercial obrigatório, em face a topografia e a geomorfologia, intermediando as ligações da capital com as demais cidades do Estado.

Com esses atrativos e o irresistível aceno econômico, formatado pela conjuntura, famílias, econômica e socialmente bem posicionadas,e, ainda politicamente projetadas nos estados vizinhos, renderam-se ao feitiço da Princesa do Jundiaí e aqui chegaram para acalentarem o sonho do desenvolvimento.

Àquela época, a história registra, a presença de patriarcas, como exemplo, FABRÍCIO GOMES PEDROSA, poderoso comerciante de raro talento.

Alicerçado em experiência européia, construiu armazéns e um porto de razoável calado, em Guarapes, onde o rio permitia ancoragem de navios de grande porte, para travessia oceânica, tornando-se o pioneiro do comércio exterior neste Estado.

Outras famílias, vindas da Paraíba e de Pernambuco, na medida em que imigravam, iam formando o núcleo que constitui o berço da aristrocacia macaibense.

Ficaram famosas as festas, os saraus, as tardes musicais, com piano e violinos, regadas com chás europeus e indianos.

Os recitais de poesia nas tardes domingueiras, freqüentadas por pessoas residentes em Natal,  chegadas por via fluvial, pelo Jundiaí, eram muito apreciadas.

Naquele tempo registravam-se as presenças dos ALBUQUERQUE MARANHÃO, FREIRE, TAVARES DE LYRA, MOURA, ALECRIM, PACHECO DANTAS, CASTRICIANO DE SOUZA, MARINHO, MESQUITA, ANDRADE LIMA,  VARELA, DANTAS DE ARAÚJO, GARCIA, LEIROS, RIBEIRO, QUINTAS PEREZ,  e de muitas outras famílias vindas do interior do Estado e que aqui se radicavam.

A cidade começou a florescer nos meados do século XIX e foram exatamente os primeiros macaibenses, descendentes que eram desses valorosos colonizadores, que deram início à formação dessa época áurea da intelectualidade da terra macaibense.

Foi essa elite que a projetou para além de nossas fronteiras.

Com base nos registros da história e na projeção desses vultos que se tornaram notáveis, até nacionalmente, que plasmei, em minha mente e no coração, a idéia de constituir, de formatar, de implantar, com o apoio de macaibenses, uma casa de cultura que pudesse abrigar tantos quantos estivessem dispostos a trabalhar pela preservação dessas raízes da nobreza cultural, das letras, das artes e da música, a fim de que pudéssemos  dar continuidade à tradição desta terra.

Eis nossos motivos!

Não nos arvoramos como pioneiros!

Outros macaibenses, em momentos distintos, constituíram grupos artísticos e literários, que se projetaram e marcaram época.

A tradição oral nos resgata relatos de que jovens da família MARANHÃO, liderados por ALBERTO, TAVARES DE LYRA E CASTRICIANO DE SOUZA organizavam passeios de finais de semana à Guarapes, onde, na Casa Grande do velho FABRÍCIO GOMES PEDROSA, ensaiavam peças teatrais, declamavam poesias e cantavam, acompanhados por piano e violinos, muito ao gosto europeu.

Posteriormente, tem-se notícia das participações da menina AUTA, contra-parente dos anfitriões, pelo lado paterno.

Alí, criara-se o “CLUBE DO BISCOITO” – uma confrataria cultural.

Certa vez, meu avô, JOÃO VITERBINO DE LEIROS,  lembrando o passado de eudição, falou de um INSTITUTO LITERÁRIO MACAIBENSE, do qual eu ouvira falar, ainda menino, e que teria sido composto por LUIZ FERNANDES, LEONILO MIRANDA, JOÃO DE LYRA TAVARES, AMINTAS BARROS, TAVARES DE LYRA, ALBERTO MARANHÃO E HENRIQUE CASTRICIANO, onde se ensinava, conjuntamente, francês ( língua da aristocracia da época), inglês e português.

Outra associação conhecida era o GRÊMIO LITERÁRIO “TOBIAS BARRETO”, da qual participavam jovens como HENRIQUE CASTRICIANO, LUIS TAVARES DE LYRA, FRANCISCO FREIRE DA CRUZ, ODILON FREIRE DA CRUZ, ODILON FREIRE FEITOSA E FRANCISCO SEBASTIÃO COELHO, dentre outros.

JOSÉ LEIROS, ainda muito jovem, freqüentou o GRÊMIO POLIANTEK, aficionado que era das ciências e da literatura.

No Solar Caxangá, os amigos OCTACÍLIO ALECRIM, JOSÉ LEIROS E CONSUELO ANDRADE reuniam-se para discutir poesia, literatura e teatro, e, simultaneamente, tentar a editoração de um jornal, o que nunca se efetivou.

Para constituir esta Academia, buscamos nos arquivos de nossa memória; nos acervos do historiador FRANCISCO ANDERSON TAVARES; no amor caloroso do emérito professor CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES; na acuidade de nosso escritor, que se supera a cada obra editada, professor PEDRO SIMÕES NETO, o grande incentivador para a implantação desta Academia; da empolgação do Conselheiro VALÉRIO ALFREDO MESQUITA, do apoio incondicional do denodado, memorialista, Doutor OLÍMPIO MACIEL.

A partir dessa amálgama, que nos lançamos à busca dos elementos fundamentais para o lançamento da primeira pedra, dando  início à tarefa de buscar amigos, convidá-los à participação neste trabalho, apesar das dificuldades encontradas.

Porém, todas elas foram vencidas. Quer pela tenacidade dos companheiros de grupo, quer pela dinâmica e pujança de nossa força de vontade e devotamento.

Assim, constituímos a Academia com os seguintes PATRONOS e cadeiras:

1º - ABEL FREIRE COELHO; 2º - ALBERTO FREDERICO DE ALBUQUERQUE: MARANHÃO: 3º - AUGUSTO SEVERO DE ALBUQUERQUE MARANHÃO: 4º - AUGUSTO TAVARES DE LYRA: 5º - AUTA HENRIQUETA DE SOUZA; 6º - CLÓVIS JORDÃODE ANADRADE: 7º - DÁRIO JORDÃO DE ANDRADE: 8º - EDILSON CID VARELA: 9º - ELOY CASTRICIANO DE SOUZA: 10º- ESTEFÂNIA ALZIRA MANGABEIRA: 11º- HENRIQUE CASTRICIANO DE SOUZA: 12º- HIRAN DE LIMA PEREIRA: 13º- ENOCK DO AMORIM GARCIA: 14º- JOÃO ALVES DE MELO: 15º- JOÃO BATISTA DE VASCONCELOS CHAVES: 16º- JOÃO ANGYONE DA COSTA: 17º- JOSÉ LEIROS: 18º-JOSÉ MELQUÍADES DE MACEDO: 19º- LUÍS TAVARES DE LYRA: 20º- MARIA DE LOURDES CID:     21º- MENEVAL DANTAS:
22º - MURILO ARANHA; 23º - MARIA ALICE FERNANDES; 24º - OCTACÍLIO  DE MELO ALECRIM; 25º SOPHIA AUGUSTA DE LYRA TAVARES; 26º - MARIA TERCEIRA ALECRIM DANTAS; 27º DOM JOAQUIM ANTÕNIO DE ALMEIDA; 28º - JOÃO MEIRA LIMA;

É preciso registrar que o patrimônio histórico de nossa terra encontrou poucos adeptos quanto à sua preservação.

O último relicário era a casa onde nasceu AUTA HENRIQUETA DE SOUZA, que, de forma desrespeitosa, foi demolida contra a vontade da população, que assistiu atônita a destruição daquele prédio histórico.

Mas, outros valores nos incentivaram a continuar sonhando com a possibilidade de resgatar os vultos desta terra e dos movimentos culturais que jamais deixaram de existir, promovidos por entidades da terra, a exemplo do GRÊMIO DRAMÁTICO AUTA DE SOUZA.

Em razão disso e em homenagem  à   “DULCÍSSIMA – POETA DO JASMINEIRO”
A assembléia dos fundadores elegeu-a PATRONESSE DA AML, e eu, como aficionado de sua poesia, ocuparei a sua cadeira, o que me honra sobremaneira, e , nesta hora solene de posse, formulo o elogio de estilo


Senhores e senhoras!


Não é exatamente rica a bibliografia de AUTA HENRIQUETA DE SOUZA.

Porém, o de que dispomos sobre ela nos permite dizer do seu imponderável valor cultural, de sua grandeza e do lirismo contido em sua poética.

Do lado materno, AUTA era descendente de FRANCISCO PEDRO BANDEIRA DE MELO, um dos primeiros povoadores da região de Coité, abastado fazendeiro da região, possuidor de vasta extensão de terra.

Esse fazendeiro dera em casamento sua filha COSMA BANDEIRA DE MELO ao vaqueiro rei – FÉLIX JOSÉ DE SOUZA, conhecido como FÉLIX DO POTENGI PEQUENO, de cujo matrimônio nascera, ELOY CASTRICIANO DE SOUZA – o velho – pai de AUTA.

De modo que, pelo lado paterno, era de origem humilde e de cor melânica.

Muito cedo ficou órfã de mãe, HENRIQUETA LEOPOLDINA, e, juntamente com os avós e os quatro irmãos, passaram a morar na “Chácara Arraial”, em Recife.

Ali nasceu a exuberante força da criatividade poética daquela que se tornaria um poema vivo, mesmo menina, traquina e cheia de energia, distribuindo seus  versos entre amigas.

CÂMARA CASCUDO, falando sobre a vida de Auta, pinta-lhe o retrato com tintas firmes e graciosas, dizendo:

“Gostava de conversar, meter-se nos diálogos de gente grande e também falava sozinha.   Falar sozinha era o processo natural para povoar o ambiente, dando expressão, movimento, ação  aos jarros de flores, canteiros de jasmins, árvores, trepadeiras, arbustos, bichos do chão, das paredes e dos ares.”

E, pintando o quadro daquela época, onde se identificam  todas as crianças inocentes, na quase angelitude natural, CASCUDO viu-as inteligentes no trato das coisas simples, para assemelhar-se aos adultos circunstantes.

A importância desses enfoques, ressalta a menina poeta que, aos sete anos, já escrevia, estudava rudimentos de francês e possuía um vocabulário rico para sua idade.

Porém, as tristezas  já a haviam se cercado com a morte da mãe, HENRIQUETA LEOPOLDINA, à qual sobrevieram a do pai e de seu irmão, IRINEU, queimado na explosão de um candeeiro.

AUTA teria, então, cerca de doze anos.

Aqueles fatos ficaram tão marcados no coração e na mente da pequena AUTA que, dez anos depois, manifestava-se em poema como este:

Mas, a gaiola vazia,
que eu conservo noite e dia,
Não sabem? É o coração.
É dentro dele que mora,
É dentro dele que chora,
A alma de meu irmão.”

AUTA estudou dois anos no Colégio São Vicente de Paula, em Recife e nesse momento foi ganhadora de prêmios.

Nesse período, também, que foi acometida de tuberculose pulmonar.

Naquele tempo, AUTA leu os românticos franceses: Bossuet, Fenelon, Chateaubriand, Victor Hugo e Lamartine.
Referindo-se ao início de sua contribuição para os periódicos, diz CASCUDO:

“Torna-se moça, airosa, morena, esculpida em polpa de sapoti, “cheia de corpo”, graciosa, mais baixa do que alta, com a voz inesquecível de doçura e musicalidade que, coletadas, constituíram os originais de “Dhalias”, que mais tarde chamar-se-ia HORTO.”

Consagradora, a seu respeito, é a manifestação de JACKSON DE FIGUEIREDO, em ensaio magistral:

“A mulher tem revelado na moderna poesia brasileira, na maioria absoluta dos casos dignos de nota, uma grande capacidade artística, uma excelente técnica de verso, a segurança mais perfeita de tudo quanto é exterior ou, pelo menos, não intrínseco, à  poesia propriamente; mas raro que a vejamos capaz de comover realmente, de agitar os melhores sentimentos do coração humano.”
E, continua:  
“Com raríssimas exceções, a poesia feminina, entre nós,  tem mostrado sempre, não ter do mundo outra concepção que os sentidos podem dar.”
E, empolgado, JACKSON concluiu, dizendo:
“Direi mais francamente: Tem sido toda essa poesia, de modo mais frio ou mais arrebatado, puro sensualismo, pura embriagues dos sentidos, gemido ou pura paixão, doloroso murmúrio ou gritos, ou brutais revoltas do instinto.”

Críticos brasileiros de expressão nacional, nos séculos XIX e XX, já a reverenciaram  e, contemporaneamente, CÂMARA CASCUDO e  JOSÉ MELQUÍADES DE MACEDO  ratificaram suas opiniões.

Vale salientar que GRIECO a consagrou com a expressão:   A DULCÍSSIMA!

Nosso patrono, JOSÉ MELQUÍADES DE MACEDO, discorrendo sobre sua potencialidade poética, comentou que AUTA DE SOUZA e EMILY DICKSON  eram contemporâneas, porém jamais se conheceram.  Todavia, suas poesias guardavam o mesmo lirismo.

Foi ANA LAUDELINA FERREIRA GOMES, professora do Departamento de Ciências Sociais da UFRN, doutorada pela PUC-SP, com a tese: “AUTA DE SOUZA”  que, de maneira corajosa e segura, defende a amplitude dos valores literários de AUTA HENRIQUETA DE SOUZA, declarada pela crítica como meramente cheia de religiosidade.

Comentando sua tese brilhante, ANA LAUDELINA continua:
Já em 1914, Jackson de Figueiredo, um expoente da crítica literária brasileira, conhecida como crítica católica, escreveu um livro sobre AUTA DE SOUZA (em o qual ratifica sua crítica católica).
“Em 1936, a terceira edição dp livro HORTO de Auta de Souza, foi prefaciado por Alceu Amoroso Lima, outro importante da crítica católica. Esses dois, como alguns que seguiram seus passos, partiram das tradicionais associações da mulher com o que venho chamando por ideário de feminilidade oitocentista, associado ao esteriótipo do anjo do lar.”

E arremata, segura:
Mas, como a poeta não podia se enquadrar adequadamente neste modelo – uma vez que nem era casada nem mãe e, além de tudo era escritora – reforçaram a representação de Auta de Souza como poetisa cristã e, no extremo, como poetisa mística, sempre vinculando o nome e a obra da poeta à sua explícita devoção religiosa, às temáticas entendidas como meramente religiosas, à linguagem litúrgica que por vez aparece em seus poemas.  Entre outras coisas de semelhante natureza.”

De fato, como outros críticos literários, o Dr. Mário Moacyr Porto, emérito professor conterrâneo e imortal, também navegava nas águas do lirismo, como o fez também, o consagrado Mestre Cascudo e o professor Melquíades de Macedo.

Eu mesmo, por ocasião de haver assumido a Cadeira de Auta de Souza na Academia de Letras Municipais do Brasil, Seccional de Macaíba, publicado como crônica na antologia “MACAÍBA DE CADA UM”, editado em 1985, ratifiquei aquele conceito de religiosidade.

Hoje, discordo daquela postura e vou muito além!  Pois considero, agora, seu potencial poético.  A força telúrica de sua criação literária, projetada além de seu lirismo e sem amarras às técnicas do poetar.  Solta e espontânea!

Mas, foi OLAVO BILAC que, mergulhado em emoção profunda, traçou seu perfil de poeta, dizendo no prefácio à primeira edição de “O HORTO”, que sua forma é  “LIVRE E ESPONTÂNEA”, sem a preocupação dos enfeites e sem enredar-se às teias dos artifícios técnicos.

Foi a consagração!

Senhoras e Senhores!
Ter a DULCÍSSIMA, AUTA DE SOUZA como Patronesse desta Casa é a mais distinta honra, o mais majestoso galardão que esta ACADEMIA MACAIBENSE DE LETRAS PODERIA RECEBER.

Esta é minha declaração de AMOR à poeta do Jasmineiro.

Este o ELOGIO que nasce do coração.



Bibliografia:

“Vida e Obra da Poeta Potiguar (tese de doutorado) ANA LAUDELINA FERREIRA GOMES

“Vida breve de Auta de Souza” – Luiz da Câmara Cascudo

“Auta de Souza – expressão maior do Lirismo Potiguar” – do Livro Macaíba de Cada Um  - Jansen Leiros

Wikipédia – Auta de Souza