Muitos dos nossos ancestrais chegaram ao Rio Grande do Norte
há mais de 300 anos. Outros estão aqui desde o início do século XVI.
Quando a viúva Maria da Conceição de Barros fez seu
testamento, em 24 de dezembro de 1766, disse que era natural da nova Freguesia
de Nossa Senhora dos Prazeres da Vila de Extremoz, onde foi batizada, sendo
filha de Manoel Rodrigues Coelho, e de sua mulher Izabel de Barros, ambos
defuntos. Disse mais que foi casada com Francisco Pinheiro Teixeira, na Matriz
de Nossa Senhora da Apresentação.
Examinando os documentos mais antigos de batismos da Freguesia
de Nossa Senhora da Apresentação, encontramos que Maria da Conceição Barros foi
batizada em 8 de dezembro de 1694, na Igreja de São Miguel da Aldeia de Guajiru
(Extremoz), pelo Padre João de Mattos, da Companhia de Jesus, tendo como padrinhos o sargento-mor Manoel de
Abreu e Maria das Neves. Outros filhos do capitão Manoel Rodrigues Coelho e de
sua mulher Izabel de Barros que aparecem nesses registros são: Ana, batizada em
21 de outubro de 1691; Francisco, em 12 de agosto de 1697; e Manoel,em 23 de abril
de 1705. Em alguns outros documentos aparece como madrinha uma filha do casal
de nome Paula.
Outra informação contida nos documentos citados acima dá
conta que em 1710, Dona Maria da Conceição de Barros já era casada com
Francisco Pinheiro Teixeira, e batizaram o filho Leonardo em 1711. Francisco
Pinheiro Teixeira chegou ao nosso Rio Grande junto com os irmãos Padre Manoel
Pinheiro Teixeira e José Pinheiro Teixeira, sendo eles originários de Arrifana
de Sousa, Portugal. José Pinheiro Teixeira casou com Maria da Conceição de
Oliveira filha do Provedor da Fazenda Real, Manoel Gonçalves Branco, e de Dona
Catarina de Oliveira.
No seu testamento Dona Maria da Conceição diz que não houve
descendência dos seus filhos Padre José Rodrigues Pinheiro e de Gonçalo
Pinheiro. Inclui como herdeiros um filho do seu filho Manoel Pinheiro, já
falecido, e os filhos de Leonardo Pinheiro, também falecido. Entre os filhos
vivos, cita a viúva Francisca Antonia Teixeira (que foi casada com o lisboeta
Manoel das Neves de Oliveira); Tecla Rodrigues, mulher de Francisco de Sousa e Oliveira;
Bernardo Pinheiro; Anna Maria da Conceição, casada com o sargento-mor Manoel
Antonio Pimentel de Mello; o padre Miguel Pinheiro Teixeira; Antonia Maria da
Conceição, casada com o tenente-coronel Felipe Barbosa Tinoco; Francisco
Pinheiro Teixeira; e Ignácio Pinheiro.
Alguns dados genealógicos a seguir foram extraídos dos
livros de Arisnete Câmara sobre Isabel Gondim, de Adauto Câmara sobre Nísia
Floresta, de Câmara Cascudo e Hélio Galvão, com algumas correções.
Vejamos agora relação do casal Francisco Pinheiro Teixeira e
Dona Maria da Conceição com Nísia Floresta e Frei Miguelinho.
Frei Miguelinho
(Miguel Joaquim de Almeida Castro) era filho de Manoel Pinto de Castro, natural
do Bispado de Penafiel (um dos testamenteiros de Dona Maria da Conceição) e de
Francisca Antonia Teixeira, neto pela parte materna de Francisco Pinheiro
Teixeira e Dona Bonifácia Antonia de Mello. Portanto Miguelinho era bisneto de
Francisco Pinheiro Teixeira e Dona Maria da Conceição de Barros.
Nísia Floresta (Dionísia Gonçalves Pinto), por sua vez, era
filha de Dionísio Gonçalves Pinto e Antonia Clara, neta materna de Bento Freire
de Revoredo e Mônica da Rocha Bezerra. Mônica era filha de Mônica Borges da
Rocha Bezerra e de Leonardo Pinheiro (Coelho). Portanto, Nísia era trineta de
Francisco Pinheiro Teixeira e Dona Maria da Conceição de Barros. Essa Mônica
Borges era filha de Julião Borges e Mônica da Rocha Bezerra. Há registro sobre
Julião e Mônica, como padrinhos, em 1705.
Dona Bonifácia Antonia de Melo e Manoel Antonio Pimentel de
Mello, citados acima, eram irmãos, filhos de Estevão Velho de Mello e Joanna
Ferreira de Mello. Uma filha de Manoel Antonio e Anna Maria, com o mesmo nome
da mãe, Anna Maria da Conceição, casou com João Damasceno Xavier Carneiro, que
quando enviuvou se tornou padre. No registro de casamento de João Damasceno,
ele é dado como filho natural do Provedor da Fazenda Real, Antonio Carneiro de
Albuquerque Gondim. Não aparece o nome da mãe no registro de casamento, mas
surge no batismo de seu filho, Joaquim (foi padre, também), de 19 de janeiro de
1785. Ela era Ignez Ritta de Mello Monteiro. Aliás, no artigo que fizemos sobre
a intriga do Provedor Antonio Carneiro com o Padre Feliciano Dornelas,
noticiamos que Dona Maria da Apresentação, domiciliária no Sertão de Panema,
esposa do Provedor acima, em 1783 tinha encaminhado para D. Maria I,
solicitação de provisão contra seu marido para libelo de divórcio. Não sei se
houve regularização da relação de Antonio Carneiro com Dona Ignez, pois eles
foram pais, também, de Ignácia Ignez Gondim
que foi casada com José Ignácio Marinho
Gomes. Do último casal nasceu Clara Monteiro de Mello, que foi casada com José
Ignácio Borges que geraram Isabel Deolinda de Mello Albuquerque Gondim que
casou com Urbano Egydio da Silva Costa, pais da Professora Isabel Urbana de
Albuquerque Gondim.
As professoras e escritoras Isabel Gondim e Nísia Floresta
nasceram em Papari (hoje Município de Nísia Floresta). Frei Miguelinho nasceu
em Natal. A localidade de Olho d’Água de Onça em Pernambuco teve seu nome
alterado e hoje é o município de Frei Miguelinho