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domingo, 31 de julho de 2011

Fonte: ROSTAND MEDEIROS
Blog "Tok de história"

 O FUZILEIRO DE TAIPU QUE MORREU EM NOVA YORK


O encouraçado Minas Gerais, onde Luiz Leite serviu
Hoje é até raro, mas no início do século XX a coisa mais normal para um jovem que desejava sair pelo mundo para conhecer outros povos, cidades e culturas, era seguir a bordo de algum navio. Natal tinha até mesmo uma Escola de Aprendizes de Marinheiros, onde rapazes, muitos deles vindos do sertão, adentravam nesta unidade de ensino da Marinha do Brasil para aprender a arte da marinharia, ter uma profissão digna e sair singrando os sete mares.
Foi o que aconteceu com o jovem Luiz Leite da Câmara, nascido em 1902, na cidade de Taipu. Luiz Leite provinha de uma família de certo prestígio na comunidade, visto ser sobrinho do então Presidente da Intendência de Taipu (cargo atualmente equivalente ao de prefeito), o fazendeiro Rozendo Leite da Fonseca, dono da propriedade Maracajá.
Não consegui apurar como se deu a entrada do jovem Luiz Leite na Marinha. Não sei se ele passou pela antiga Escola de Aprendizes de Marinheiros de Natal, centro de ensino extinto na década de 1940. O certo é que no ano de 1920, quando tinha apenas 18 anos, ele foi servir no chamado Batalhão Naval, o atual Corpo de Fuzileiros Navais, tradicional unidade de elite da nossa força naval.

Se o sonho do jovem de Taipu era conhecer o mundo, ele então se realizou, pois neste mesmo ano ele seguiu como tripulante do encouraçado Minas Gerais, em uma missão para os Estados Unidos, mais precisamente, a cidade de Nova York.
Um Poderoso Monstro de Aço
Para Luiz Leite ser um dos membros do Batalhão Naval nesta grande belonave, em uma missão no exterior, mostra que provavelmente ele deve ter se sobressaído entre seus companheiros, pois fazer parte da tripulação daquele navio era uma verdadeira honra.

Os grandes canhos de 305 mm
Ao ser concluido no estaleiro Elswick Shipyard, em Newcastle-on-Tyne, nordeste da Inglaterra, em janeiro de 1910, o Minas Gerais era considerado por analistas norte-americanos, junto com o encouraçado São Paulo, os dois mais poderosos navios de guerra do mundo. Tanto que a aquisição destas duas naves pelo Brasil desencadeou uma corrida armamentista naval entre nosso país, a Argentina e o Chile.
No mesmo ano que a Marinha do Brasil recebeu o grande Minas Gerais, ele foi palco no dia 22 de novembro da conhecida Revolta da Chibata, quando marinheiros se amotinaram contra os vergonhosos maus tratos ainda existentes nas nossas naves de guerra, que incluíam chicotadas nos marujos.

Líderes da Revolta da Chibata
O Minas Gerais deslocava 19.280 toneladas, tinha 165 metros de comprimento e sua velocidade alcançava 21 nós. Possuía blindagens de proteção que tinha uma espessura que variava de 102 a até 305 milímetros (mm). Seu armamento principal eram 12 canhões de 305 mm, montados em seis torres de tiro independentes. Além destas armas o encouraçado possuía 22 canhões de 120 mm e 8 de 37 mm. Tal poder de fogo fez com que o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Argentina afirmasse que os dois encouraçados brasileiros  tinham poder de fogo suficiente para  destruírem sozinhos as frotas de guerra do seu país e do Chile.
No dia 15 de julho de 1920, quando o poderoso navio zarpou do Rio de Janeiro em direção aos Estados Unidos, o potiguar Luiz Leite Câmara era um dos cinquenta fuzileiros do Batalhão Naval a bordo, em meio a uma comunidade flutuante de quase mil homens.
Na Terra do Tio Sam
Onze anos depois de construído, o Minas Gerais seguia para a sua primeira modernização, cuja ordem de envio do navio fora assinada pelo então Ministro da Marinha, Joaquim Ferreira Chaves, que por duas ocasiões havia sido governador do Rio Grande do Norte.

Como o Brasil, país na época essencialmente agrícola, não possuía um estaleiro com capacidade para o reparo deste tipo de máquina, a solução foi seguir para o estaleiro da marinha norte-americana (U.S. Navy), localizado no bairro do Brooklyn, em Nova York.
Em 22 de agosto, lentamente o grande e poderoso Minas Gerais deslizava pelas águas do Rio Hudson e logo passava ao lado da Estátua da Liberdade. Depois a sua proa apontou para um trecho do East River, onde se encontrava o seu destino, o estaleiro conhecido na cidade como Brooklyn Navy Yard.
Deve ter sido muito interessante para o jovem da pequena Taipu chegar a esta metrópole com mais de cinco milhões e meio de habitantes no início da década de 1920.

A tripulação do Minas Gerais e ao fundo a sombra da Estátua da Liberdade
O destino da sua nave de aço ficava próximo a Manhattan e a ponte do Brooklyn. Uma posição extremamente privilegiada para quem se encontrava nesta grande cidade.
A função do fuzileiro Luiz Leite e de seus companheiros era a guarda interna do navio. Para todos os efeitos, o Minas Gerais era tecnicamente território brasileiro e sua segurança cabia a guarnição do Batalhão Naval.
Os dias e meses foram passando. Conforme se aproximava o final do ano, a cidade esfriou e finalmente caiu a neve. Com o novo ano de 1921 os trabalhos de restauração e modernização continuaram no Minas Gerais a todo vapor. Entre as modernizações foram instalados armas antiaéreas e novos equipamentos de controle de fogo das baterias de canhões.

Durante o período em que o fuzileiro potiguar esteve em Nova York, ele participou da tropa que representou o Brasil na inauguração da estátua equestre do herói latino americano Simon Bolívar. Este evento, que durou mais de três horas, ocorreu no dia 19 de abril de 1921, no Central Park  e contou com a participação de Warren G. Harding, então presidente dos Estados Unidos.
O Fim
Em 25 de junho de 1921, na primeira página do jornal “A Republica”, aparece uma nota intitulada “A morte de um marinheiro nacional”, onde os fuzileiros Augusto Teixeira de Oliveira e Melchidesech Silva Relly solicitam que o redator do jornal, Eloy de Souza, publique uma nota sobre a morte do fuzileiro Luiz Leite da Câmara.

Nota do jornal "A Republica", edição de 25 de junho de 1921
Eloy não se nega e o epitáfio é acompanhado de dados sobre o ocorrido e uma pequena biografia do potiguar de dezenove anos.
Eles informam que Luiz Leite faleceu no dia 26 de maio, no hospital naval de Navy Yard, sem ser especificada a causa. Dois dias depois o corpo foi encaminhado para o Cemitério de Cyprus Hill, na Avenida Jamaica, Brooklyn, onde seus restos estão até hoje no túmulo de número 83.

O Cemitério de Cyprus Hill na atualidade
Grande parte da tripulação do Minas Gerais esteve presente. O comandante do Brooklyn Navy Yard, o Contra almirante John C. MacDonald ordenou que para o simples praça do Batalhão Naval brasileiro, fosse realizado um enterro com todas as formalidades de praxe. Uma guarnição armada e a banda do encouraçado Pensilvânia, da marinha americana , se fez presente para prestar as últimas homenagens.
Augusto Teixeira de Oliveira e Melchidesech Silva Relly afirmaram que o fuzileiro potiguar, apesar da pouca idade, era muito respeitado e querido pelo resto da guarnição do Minas Gerais , tanto fuzileiros, quanto os marinheiros.

Em outubro daquele mesmo ano o encouraçado Minas Gerais retornou para o Brasil. Ele seria desmontado na década de 1950.
Em uma recente visita a cidade de Taipu, a cerca de 50 quilômetros, ao buscar resolver outras situações, aproveitei para tentar encontrar algum vestígio desta história. Infelizmente, e talvez por não conhecer ninguém, não descobri nenhuma informação, foto e nem ninguém que soubesse algo sobre este jovem fuzileiro que jamais voltou para casa.
P.S. – Quem quiser ver os dados do túmulo do fuzileiro potiguar Luiz Leite da Câmara, por favor acesse http://www.interment.net/data/us/ny/kings/cypressnat/index_cach.htm onde encontrarão a seguinte informação – “Camara, Luiz L, d. 05/21/1921, PVT BRAZILIAN NAVY, Plot: POST 83″
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sábado, 30 de julho de 2011



Joris Garstman e o assassinato de Jacob Rabbi (III)

João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor de Matemática da UFRN e membro do INRG

O inquérito sobre o assassinato de Jacob Rabbi, se por um lado traz muitos detalhes fornecidos pelos depoentes, por outro não é esclarecedor do motivo real daquela execução. Olavo de Medeiros no seu livro, No rastro dos flamengos, sintetiza com muita propriedade e comentários todos os depoimentos. Pena que entre esses depoimentos não existam o de Joris Garstman e o de Jacob (ou Jacques) de Bolan, principais acusados. Vejamos algumas passagens de alguns desses depoimentos.
Vamos começar com Roulox Baro, que segundo Morisot, foi enviado, quando criança, ao Brasil, na frota das Índias Ocidentais, que partiu da Holanda, em 1617. Substituiu Rabbi junto aos tapuias, como ele conta em seu Relação da viagem aos pais dos tapuias.Roulox Baro era um dos participantes do jantar na casa de Dirck Muller, no dia do assassinato, 4 de abril de 1646 (e não 5 como relata Nieuhof), e,por isso, foi chamado a depor.
No começo do seu depoimento disse que: pouco antes de ter vindo do Recife aqui (Rio Grande), com o Sr. Pieter Bas, esteve em casa do tenente-coronel Garstman, em Mauristsstad (Cidade Maurícia). No decurso de uma conversação que teve com o primeiro, a propósito dos Tapuios e de Jacob Rabbi, o dito Pieter Bas contou-lhe, entre outras coisas, que Jacob Rabbi, encarregado de dar algumas mercadorias, à guiza de presente, aos Tapuias, por parte da Nobre Companhia, as tinha desviado em proveito próprio. O tenente-coronel, que nesta noite estava um pouco ébrio, respondeu que o mundo nada perderia se se desembaraçassem de semelhante canalha.
Disse mais Baro que Joris Garstman perguntou a ele se queria disso incumbir-se. Baro respondeu que se o tenente-coronel lhe desse ordem formal, e devendo esta ordem emanar dos senhores do Alto Conselho Secreto, que neste caso ele não hesitaria em obedecer e executar a ordem de Garstman. Mas, este se absteve de dar esta ordem, e como Baro não ignorava que Garstman tinha ódio velho a Jacob Rabbi, o que todo o mundo sabe, e que, obedecendo ao incitamento, poria em risco a segurança pública em toda a capitania, o depoente teve escrúpulo em realizar o atentado, e igualmente se absteve, pela mesma razão, de informar a Jacob Rabbbi.
Contou Baro que ouviu os dois tiros que derrubaram Jacob Rabbi. Ele tinha saído da casa de Dirck Muller para procurar o seu cavalo. Entretanto, encontrou com Jacob Bolan acompanhado de três ou quatro soldados, dizendo para que não ficasse ninguém por lá, por ordem de Garstman, e assim foi arrastado por Bolan até a casa do tenente-coronel, sem deixar tempo de ir buscar o seu cavalo, e, por isso, chegou a pé até a casa de Garstman.
O dono da casa, Dirck Muller, contou que o tenente-coronel Garstman e vários outros amigos dele, foram vê-lo em sua casa. Quando eles já estavam ceando, chegou Jacob Rabbi, que tendo sido convidado várias vezes pelo tenente-coronel a ir ter com ele, fora à sua casa (Gartsman estava hospedado no Forte Keulen), e tendo sabido ali que este partira a cavalo para ir à casa dele, Muller, viera procurá-lo ali a fim de se informar do objeto de seu convite.O tenente-coronel lhe dera as boas vindas, e o convidara a sentar-se e a tomar parte na ceia.
Conta mais Dirck que quando soube da morte de Rabbi, saiu, acompanhado dos convivas e guiado pelo negro que o avisou, até onde estava o cadáver, deformado por vários golpes de espada no rosto, na cabeça, e no braço direito. Disse mais que uma bala penetrara–lhe do lado esquerdo do corpo e outra varara-lhe o lado direito abaixo das costelas falsas. Pela manhã foi providenciado o enterro na presença de Willem Beckx e de alguns homens e mulheres.
Esse Willem Becx, morador na Capitania do Rio Grande, declarou no seu depoimento que sendo ele, na época do que se trata, secretário do tenente-coronel Garstman, assistiu há alguns meses, na casa deste último, aos fatos seguinte: o dito tenente-coronel ali ordenara a Willem Jansen, ex-alferes das tropas desta Capitania, que cometesse um atentando contra a vida de Jacob Rabbi.
O depoente Johannes Honck, Bailio (magistrado provincial) desta Capitania do Rio Grande, que também esteve no jantar na casa de Dirck Muller, conta em seu depoimento que não soubera da presença de Jacob Rabbi, pois fora dormir por duas ou três horas, antes de voltar para casa. Ouvira os tiros, mas foi informado por Bolan que o inimigo estava ali emboscado. Em um trecho do seu depoimento relata que no dia oito de abril soubera que o tenente-coronel tinha chegado ao forte, de volta da casa de João Lostau (este tinha sido assassinado em 1645).
Quem comandava o forte Keulen, nessa época, era Johannes Blaenbeeck, capitão de uma companhia de infantaria. Ele, no seu depoimento, contou que somente soube a notícia do assassinato de Jacob Rabbi, no dia seguinte, pela boca do bailio Johannes Honck, que veio pedir-lhe o auxílio de alguns soldados, a fim de ir, à casa da viúva de Jacob Rabbi (a índia Domingas), fazer um inquérito sobre os bens do defunto. Contou mais que as arcas de Jacob Rabbi, que estavam no forte Keulen foram abertas, por ordem de Garstman, que determinou a ele fazer a partilha entre os presentes, tendo o tenente-coronel ficado com duas libras de prata.
O secretário do tenente-coronel Garstman, Abrahão de Rouff, que também esteve no jantar na casa de Dirck Muller, declarou, entre outras coisas, que encontrara Jacques (Jacob) Bolan, no dia que partira para Recife, e que tinha ouvido o mesmo vangloriar-se de haver dado em Jacob Rabbi alguns golpes de sabre em pleno rosto e mostrou ainda um anel que dizia ter tirado do dedo da vítima.
O que mais estranho nesses depoimentos e relatos, aqui expostos nesses três artigos, é que não há qualquer citação, dando conta que João Lostau de Navarro fosse o sogro de Joris Garstman, e tampouco é citado o nome do sogro de Joris Garstman que foi assassinado por Rabbi.





MINHA CIDADE – um projeto elogiável

CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES – escritor/blogueiro

A sociedade potiguar vem sendo premiada com a execução de um projeto cultural, de invulgar importância – “Minha Cidade”, levado à cabo pela equipe da IntertvCabugi.
Com eficiência e simpatia, adota um formato de rara beleza, divulgando as potencialidades e história de cada município do Rio Grande do Norte, despertando a atenção dos telespectadores para o melhor conhecimento dos que pretendem viajar para uma visita às diversas comunas apresentadas.
Cuida-se, assim, de uma maneira inteligente de descobrir grandezas escondidas, enfatizando as tradições, a economia, a cultura e a toponímia de cada lugar, trazendo orgulho para os conterrâneos e dando novo alento para a geografia humana das cidades visitadas.
Sou um fiel apreciador do programa e o tenho recomendado aos meus familiares e amigos, com um retorno inteiramente positivo, tornando-se o horário num momento de encontro familiar diante da telinha.
Parabéns aos produtores e apresentadores do programa, que já está a merecer o reconhecimento oficial das instituições públicas e privadas do nosso Estado.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

COMUNICADO

Comunicamos aos nossos prezados amigos e aos que se interessampor cultura, genealogia, história e política que, em breve, estaremos com o sítio www.culturadorn.com.br , em fase experimental, em substituição aos nossos blogues.
A propósito, o blog www.bananeiraseobrejo.blogspot.com traz matérias novas sobre o escritor potiguar Jorge Rodrigues de Senna, Tomaz Salustino Gomes de Melo e a apresentação da dança folclórica lesô, na noite de 4ª feira, 27, na Gruta Antonia Luzia.
Um abraço para todos.
Luiz G. Cortez.
jornalista e pesquisador.
(84) 99143141

domingo, 24 de julho de 2011

O estimado confrade VALÉRIO ALFREDO MESQUITA, escritor, Presidente do Tribunal de Contas do Rio Grande do Norte, imortal das Academias Norte-Rio-Grandense de Letras e Academia Macaibense de Letras, sócio do Instituto Histórico e Geográfico do RN e do nosso Instituto Norte-riograndens de Genealogia, recebeu a Medalha de Mérito "VARELA SANTIAGO", outorgada ontem, dia 23, no ensejo das comemorações do Primeiro Centenário da Liga de Ensino do Rio Grande do Norte (23/7/1911 - 23/7/2011), hoje presidida pelo Ilustre Doutor Manoel de Medeiros Brito, juntamente com mais 14 ilustres figuras de destaque do nosso Estado, a saber:
1. Rosalba Ciarlini Rosado – Governadora do Rio Grande do Norte; 2. Paulo Bonavides- Jurista; 3. José Agripino Maia - Senador; 4. Garibaldi Alves Filho – Ministro da Previdência Social; 5. Judith de Miranda Monte Nunes – Presidente do Tribunal de Justiça; 6. Ricardo Mota – Presidente da Assembleia Legislativa do RN; 7. Dom Matias Patrício de Macedo – arcebispo da Arquidiocese de Natal; 8. Flávio Azevedo – presidente FIERN; 9. Marcelo Navarro Ribeiro Dantas – Jurista e Desembargador Federal; 10. Yedda Moura de Carvalho - Professora; 11. João Batista Machado Barbosa – Promotor do Meio Ambiente; 12. Luiz Gonzaga Meira Bezerra - Empresário; 13. José Geraldo de Albuquerque - Professor aposentado; 14. Paulo Macedo – Jornalista.

Parabéns.

sábado, 23 de julho de 2011


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor de Matemática da UFRN e membro do INRG

Câmara Cascudo em artigo no O livro das Velhas Figuras, volume 3, diz ter conhecido, pessoalmente,  Candido Freire de Alustau Navarro, filho do Professor Manoel Laurentino Freire de Alustau, neto de Antonio Freire de Amorim Navarro, bisneto de Manoel Pereira da Costa Guimarães, trineto do velho João Lostau de Navarro. Em outro artigo sobre Jacob Rabbi, nesse mesmo livro, escreveu que no massacre em Cunhaú, queimaram o engenho e mataram o sogro do Coronel Garstman, talvez gerente da propriedade, que tinha como  um dos sócios o próprio Garstman. Diferentemente de Hélio Galvão, Cascudo não pensou em Garstman como genro de João Lostau. Hélio escreveu que Beatriz Lostau Casa Maior era filha do velho Lostau e esposa de Joris Garstman.
Joan Nieuhof, no livro já citado anteriormente, dá conta da ordem de prisão para várias pessoas suspeitas de conivência na conspiração contra os holandeses, citando, da Capitania do Rio Grande, tão somente João Lostau de Navarro, no ano de 1645, sem destacar qualquer relação dele com Garstman.
Pierre Moreau, dando sequencia às informações sobre o assassinato de Jacob Rabbi, escreveu: logo que Janduí e todos os seus principais amigos souberam desta morte, solicitaram a entrega de Joris Garstman para que eles próprios o justiçassem, por ter matado um de seus chefes; o conhecimento do fato, caso Garstman fosse culpado, lhes pertencia, de acordo com o privilégio que lhes tinha sido outorgado pelos Estados Gerais e a Companhia das Índias, de somente eles serem juízes dos criminosos de sua nação. Jacob Rabbi não podia ser acusado de coisa alguma e jamais traíra o país. Quanto ao assassinato do sogro de Garstman, este é que dera o motivo, como todos sabiam bem; quanto aos seus roubos e furtos, se ele tinha tomado gado, era somente para viver, pois não era razoável que ele e sua gente morressem de fome quando lhes era recusado comida. Se tomara instrumentos de ferro, era para servir-se deles no campo, a serviço dos próprios holandeses, aos quais os tapuias jamais tinham pedido soldo, e pelos quais muitas vezes se tinham exposto. Quanto ao ouro e à prata, nada tinham a fazer deles e teriam mandado entregá-los se lhe tivessem falado nisso. Em todo caso, se Jacob Rabbi tivesse de ser castigado, devia-se ter seguido o costume dos holandeses; em vez disso tinham-no assassinado, quando poderiam facilmente mandar prendê-lo. Gostavam dele mais que cem outros; apesar disso agradava-lhes ser sempre amigos dos holandeses, mas faziam questão de obter Garstman para matá-lo.
Os senhores lhes responderam que Garstman era oficial superior e não tinham o poder de entregá-lo, nem mesmo condená-lo à morte soberanamente, a não ser por crime de Estado; do seu julgamento havia apelação para os Dezenove, sendo preciso ouvir Garstman antes de condená-lo; mas podiam ficar certos de que se faria boa justiça àqueles que tinham matado Jacob Rabbi, fato que lhes trouxera muito descontentamento. E, para mostrar-lhes que manteriam sua palavra, mandaram vir Garstman, que foi encarcerado em sua presença, e os senhores do Conselho disseram aos Políticos que desejavam participar do conhecimento dessa questão. Os delegados dos tapuias, no entanto, voltaram descontentes para os seus, por lhes ter sido recusado Garstman, e disseram, ao partir, que os holandeses se arrependeriam.
Segundo ainda Pierre Moreau, no seu relato, Garstman foi depois interrogado, negou ter matado ou mandado matar Jacob Rabbi, acusou dois soldados da sua companhia, que tinham sido os instrumentos; estes foram tão apertados que confessaram o crime, dizendo ter sido mandados por Jacques Boulan, seu alferes. Boulan foi igualmente preso, e confessou que cumprira ordem de Garstman, seu capitão e general; este, acareado, negou tudo redondamente e disse a Boulan que ele era um impostor. Os dois soldados, mediante a confissão de Boulan, que os tinha eximido de culpa, foram soltos; os outros dois continuaram presos. Enquanto os Juízes debatiam esta delicada questão esperando alguma prova certa de qual desses dois devia ser acreditado, Garstman dizia que um oficial poderia assim imputar ao seu general a autoria de seus crimes; Boulan, ao contrario, alegava que um general, abusando de sua autoridade, faria depender dele a vida e a morte de seu oficial, empregando-o em vingar o seu ódio sob algum pretexto especioso de guerra e quitando-se depois pela negativa; se tivesse recusado a cumprir ordem seria demitido e proclamado poltrão; de outro modo seria preciso introduzir tabeliões e testemunhas para lavrar as atas das ordens, mandados secretos e outros que se dão num exército. Afinal, foi descoberto que Garstman e Boulan se tinham mancomunado para mandar matar Jacob Rabbi, e tinham divido a presa. Confiscaram-se todos os seus bens e soldos e eles foram demitidos de seus cargos, banidos do Brasil e reenviados à Holanda como schelmes, isto é, como pessoas indignas.
O Sebo Vermelho, de Abimael Silva, publicou Um interprete dos Tapuios, de Alfredo Carvalho, que contém o inquérito sobre o assassinato de Jacob Rabbi.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Técnico da Fundação José Augusto examina os escombros: é melhor deixar como está.

Ruínas históricas

A inspeção que técnicos mobilizados pela Fundação José Augusto, o braço cultural do governo do Rio Grande do Norte, fizeram nesta quinta-feira, 22, ontem, ao terreno onde subsistem ruínas da antiga igreja católica do município de Extremoz, destruída há quatro séculos, durante a invasão holandesa ao Nordeste brasileiro, colocou a prefeitura local diante de uma encruzilhada face ao projeto local de transformá-la em atração do turismo religioso. Uma corrente deseja que a construção seja restaurada com o máximo de fidelidade à sua apresentação durante a colonização portuguesa. Outra quer manter os escombros como estão, preservando-os como documento histórico, conforme o tombamento que os caracterizou há mais de um século, e promover a construção de um complexo turístico, dotado de grande nave religiosa, nas suas proximidades.
Olímpio: medalha igual à do ministro Garibaldi Filho.

Homenagem

A exemplo do que o comando nacional da aeronáutica fez nesta quarta-feira, 20, ontem, em Brasília, distinguindo o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB), ministro da Previdência Social, e outros destaques nacionais com a Medalha Mérito Santos Dumont, em função do 138° aniversário do cientista, a Base Aérea de Natal fez o mesmo com expoentes do Rio Grande do Norte em Parnamirim. Só um civil estava entre os agraciados com a medalha. Foi o médico Olímpio Maciel.
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Fonte: Jornal virtual de Roberto Guedes

 

 

Blog do Manoel Pinheiro

Os casamentos de parentes próximos - Consanguinidades

          Quando comecei a compor os registros das famílias das quais estou ligado genealogicamente, me deparei com um fato surpreendente, que até então desconhecia: os casamentos consanguíneos. No século passado, a maioria dos casamentos aconteciam entre pessoas geneticamente próximas. Era muito comum o casamento entre primos de vários graus de consanguinidade, mas também entre tios e sobrinhos, o que era mais raro, mas não incomum. Imagino que, em tratando-se do Seridó Potiguar, além das tradições de casar os filhos entre parentes próximos, as pequenas populações das cidades também contribuiam para que parentes casassem entre si.
          Em ambos os troncos principais a que pertenço, houveram muitos casamentos consanguíneos. Não irei muito atrás no tempo de meus antepassados, porque haveria que listar um sem-número de pessoas, as quais tiveram casamentos consanguíneos. No entanto, partindo da geração de meus avós, tentarei enumerar os casais que uniram-se nestas condições:

- De minha família materna:
  •  Francisco Cândido de Oliveira Mendes (Chico Cândido) e Porfíria Isabel Bezerra de Araújo - meus bisavós maternos, avós paternos de minha mãe. Eram primos legítimos, e na ascendência, seus pais também eram parentes. Francisco Cândido era filho do casal Cândido de Oliveira Mendes e Laurinda Bezerra de Vasconcelos, e Porfíria Isabel era filha do casal Luiz de Medeiros Galvão Júnior (Lucas Olhão) e Guilhermina Francisca de Medeiros. Laurinda, mãe de Francisco Cândido, e Luiz de Medeiros, pai de Porfíria, eram irmãos, ambos filhos do Cap. Luiz de Medeiros Galvão e Claudina Bezerra de Vasconcelos.
  • Dos filhos do casal acima, meus bisavós Francisco Cândido e Porfíria Isabel, quase todos casaram-se consanguineamente. Guilhermina Francisca de Oliveira casou com Francisco Viterbo Bezerra, seu primo. Francisco Viterbo era filho de Francisco Bezerra de Medeiros (Chico Tenente) neto do Cap. Luiz de Medeiros Galvão (citado acima), que por sua vez era bisavô de Guilhermina. Assim, Guilhermina era ao mesmo tempo, sobrinha-neta e bisneta do avô do marido.
  • Severino Ramos de Oliveira casou-se, em primeiras nupcias, com sua prima Adélia Adelvina de Medeiros. Adélia era filha do casal Antonio Pires de Medeiros (Antonio Lucas) e Luisa Maria de Oliveira. Antonio Lucas era irmão de Porfíria Isabel, mãe de Severino. Ficando viúvo de Adélia, Severino contraiu matrimônio com Engrácia Pires de Oliveira.
  • Antônio Cândido de Oliveira e Ana Bezerra de Medeiros. Ana era sobrinha de Porfíria Isabel, filha do seu irmão Manoel Pires de Medeiros (Neco Lucas). Portanto, ambos eram netos do casal Luiz de Medeiros Galvão Júnior (Lucas Olhão) e Guilhermina Francisca de Medeiros.
  • Meu avô materno, Tomaz Teodomiro de Oliveira (Tomaz Cândido) casou-se duas vezes. A primeira com sua parente distante, Francisca Bezerra de Assis, e após o falecimento desta, contraiu núpcias com minha avó Idila Galvão de Lira. Ainda não posso afirmar, mas tudo indica que minha avó Idila, também pertence à mesma família "Galvão" de Currais Novos. Isso, ainda preciso apurar, mas se Idila também for uma "Galvão" dos mesmos troncos de Currais Novos, também será uma parente de meu avô Tomaz. Tomaz e Francisca eram parentes em 5 graus. Eis o caminho que os ligava: Francisca Bezerra de Assis, filha de Maria Etelvina de Araújo, filha de Laurentino Bezerra de Araújo Galvão, filho de Tereza Aureliana de Jesus, filha de Cipriano Lopes Galvão, irmão de Manoel Bezerra Galvão, pai de Claudina Bezerra de Vasconcelos, mãe de Laurinda Bezerra de Vasconcelos, mãe de Francisco Cândido de Oliveira, este último, o pai de Tomaz Teodomiro de Oliveira.
  • Finalmente, o caçula dos homens, e penúltimo filho do casal Francisco Cândido e Porfíria Isabel, Vicente Cândido de Oliveira, casou-se com sua prima Inácia Vasconcelos de Medeiros, filha de Luiz Pires de Medeiros (Luiz Lucas) e Amélia Adelaide de Vasconcelos. Luiz Lucas era irmão da minha bisavó Porfíria Isabel, e portanto tio de seu genro, Vicente Cândido.
- De minha família paterna:

Na minha ascendência paterna, existem alguns casamentos consanguíneos. No entanto, são pessoas mais longínquas, o que não comentarei aqui. Mas, entre os meus tios paternos, há um casamento de pessoas muito próximas: Vicente Pinheiro Galvão e Maria Pinheiro de Andrade (irmã de meu pai).
  • Vicente Pinheiro Galvão e Maria Pinheiro de Andrade eram primos legítimos. Vicente era filho do casal Antonio Pinheiro Galvão e Bárbara Maria da Conceição. Maria, filha dos meus avós Manoel Pinheiro de Andrade e Ana Francisca da Conceição. No entanto, Bárbara e Ana eram irmãs, e Manoel Pinheiro e Antonio Pinheiro, primos legítimos.

 Como último comentário, descobri, finalmente, que meus pais Antônio Pinheiro de Andrade Sobrinho e Marlene Galvão de Oliveira, também tinham relações parentais. Eram primos em 5° grau. Eis a relação existente entre eles: Marlene Galvão, filha de Tomaz Teodomiro de Oliveira, filho de Porfíria Isabel Bezerra de Araújo, filha de Luiz de Medeiros Galvão Júnior, filho de Manoel Lopes Galvão, irmão de Ana Lins de Vasconcelos, mãe de Félix Gomes Pequeno Júnior, pai de Bartolomeu Lopes Pequeno, pai de Maria Bezerra Freire, mãe de Ana Francisca da Conceição, mãe de Antônio Pinheiro.
Quero crer que meus primos mais distantes, são na verdade muito próximo...

Alguns casamentos de pessoas próximas, coletados dos livros da Matriz de Sant'Ana de Currais Novos:

1) Casamento de Antonio Pinheiro Galvão Sobrinho e Ana Maria da Conceição - 1925

2) Casamento de Antonio Tomaz de Araújo e Maria Mendes de Oliveira - 1925

3) Casamento de Francisco Cândido de Oliveira Mendes e Porfíria Isabel Bezerra de Araújo - 1895

4) Casamento de Francisco Etelvino de Medeiros e Maria Benta de Medeiros - 1917

5) Casamento de João Plácido de Lira e Maria Galvão - 1915

6) Casamento de Casamento de José Pinheiro Galvão e Rita Pires Segundo - 1925

7) Casamento de José Pinheiro Galvão Sobrinho e Maria do Carmo Pires - 1917

8) Casamento de Luiz Pires de Medeiros e Adélia Amélia Adelaide de Vasconcelos - 1914

9) Casamento de Manoel Ferreira de Lira e Beatriz Dantas Cortez - 1926

10) Casamento de Manoel Pinheiro de Andrade e Ana Francisca da Conceição - 1916

11) Casamento de Tomaz Bezerra de Araújo (Tomaz Tenente) e Laurinda Bezerra de Vasconcelos - 1924

12) Casamento de Tomaz Teodomiro de Oliveira e Idila Galvão de Lira - 1936

13) Casamento de Tristão de Barros e Severina Araújo - 1927

14) Casamento de Vicente Cândido de Oliveira e Inácia Vasconcelos de Medeiros - 1935

CONVITE
O presidente da União Brasileira de Escritores – UBE/RN convida Vossa Senhoria para participar do Dia do Escritor (25 Julho), ocasião em que será debatido com a deputada Fátima Bezerra as propostas do Governo Federal para a Cultura com ênfase na nova lei dos direitos autorais e o lançamento do Prêmio Escritor Eulício Farias de Lacerda, seguido de um debate com os escritores Francisco Alves, Jarbas Martins e Nelson Patriota acerca de sua importância literária.
Eduardo Gosson
Presidente


PROGRAMAÇÃO

25.07.2011, segunda-feira
19h - Propostas do Governo Federal para a Cultura e a nova lei dos direitos autorais
(Deputada Federal Fátima Bezerra)
20h30 – Prêmio Escritor Eulício Farias de Lacerda
(Jarbas Martins, Francisco Alves e Nelson Patriota)
Moderador: Eduardo Gosson
Local: auditório da Aliança Francesa, rua Potengi,459, Petrópolis
Informações: 9983-6081

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Depois de várias tentativas, conseguimos que a TVU fizesse uma reportagem sobre a Ilha de Manoel Gonçalves, desaparecida por volta de 1844. Como os fundadores de Macau vieram dessa ilha, vale a pena conhecer mais sobre ela. Entre os descendentes de moradores da Ilha estão os Alves de Angicos que passaram por vários lugares, tais como, Ilha de Manoel Gonçalves, Macau, Cacimbas do Vianna, Santana do Matos e Angicos.
João Felipe da Trindade, em 21/07/2011

terça-feira, 19 de julho de 2011

Joris Garstman e o assassinato de Jacob Rabbi (I)


Sítio de João Lostau de Navarro, Margrave
João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor de Matemática da UFRN e membro do INRG
 
Jacob Rabbi era uma dessas pessoas que muitos governantes gostam, bajulador e ideal para serviços sujos. Fazia esse papel tanto para os líderes indígenas como para o alto poder dos holandeses no Brasil. Sua vida está irremediavelmente ligada à história do Rio Grande do Norte, principalmente, pelos massacres de Uruaçu e Cunhaú. O motivo do seu assassinato, não está ainda de todo esclarecido.
Neste artigo e nos próximos que tratam do assassinato de Jacob e do inquérito instalado contra Garstman, vamos apresentar trechos extraídos dos livros de Joan Nieuof, Pierre Moreau, Roulox Baro e de Alfredo Carvalho
Joan Nieuhof, que viveu mais de 8 anos no Brasil prestando serviços a Companhia das Índias Ocidentais,  em seu Memorável Viagem Marítima e Terrestre ao Brasil, escreveu: À meia noite de 5 de Abril de 1646, Jacob Rabbi foi traiçoeiramente assassinado com dois tiros, perto de Potengi, a cerca de três horas do Castelo Potengi por instigação do tenente-coronel Garstman, quando regressava da casa de uma tal Jan Muller (Dirck Muller), onde fora recebido essa noite em companhia daquele oficial. Conforme revelara a amigos seus, havia já tempo que Rabbi suspeitava da traição de Garstman e, justamente por esse motivo, estava de partida para o Rio Grande a fim de se refugiar entre os tapuias. O Conselho chocou-se profundamente com essa vilania, porque Jacob Rabbi era casado com uma brasileira (índia) e gozava de grande estima entre os tapuias, sendo, pois, de se recear que o crime fizesse com que tanto os tapuias como os brasileiros se revoltassem contra nós. Por causa disso, Garstman foi preso sob custódia, por ordem dos Altos Comissários da Justiça e Finanças aos 24 de abril e foi conduzido ao navio Hollanddia.
Mais adiante diz Nieuhof: Jacob Rabbi, outrora, fora encarregado de estar no meio dos tapuias, comissionado pela Companhia, para manter os tapuias em amizade e boas disposições para com este governo; assim como ele já os tinha, por várias vezes, conduzido das montanhas (onde eles habitavam), em nosso auxílio. Ele morava no Rio Grande, no forte Keulen, e era casado com uma brasileira (índia), embora fosse de ascendência alemã. Garstman voltou ao Recife no dia 19 e relatou aos Altos Comissários os seus feitos.
Em outro trecho escreveu Nieuhof: enquanto isso, os tapuias, exasperados pelo assassínio de seu comandante, Jacob Rabbi, abandonaram-nos. O Conselho fez o que pôde para os acalmar aprisionando e desterrando Garstman, o autor do delito e confiscando seus haveres. Contudo não se conseguiu persuadir os tapuias que se reunissem a nós como antes.
Embora, no seu livro, Nieuhof cite João Lostau, seu sítio, sua prisão e a casa, do dito Lostau, que foi quartel general dos holandeses, nesse relato acima não fez nenhuma referência a qualquer parentesco do mesmo com Garstman. Em nenhum momento do seu relato diz alguma coisa sobre a esposa de Garstman.
Pierre Moreau, que viveu por aqui, apenas dois anos, como secretário de um dos Senhores do Conselho de Estado, escolhido para vir governar o Brasil Holandês, escreveu em História das últimas lutas no Brasil entre holandeses e portugueses: A primeira notícia que lhes foi trazida foi a de que maior parte dos tapuias e brasilianos, que sempre tinham sido aliados dos holandeses e combatido a seu serviço, os haviam abandonado e adotado o partido de seus inimigos, por ódio àquilo que Joris Garstman, general da milícia, fizera seis meses antes, mandando matar o alemão Jacob Rabbi; este homem intrépido de tal forma se adaptara a estes selvagens em seus costumes e modo de viver, que se tornara como se fosse um deles,  e estes de tal modo a ele se afeiçoaram, que o fizeram um dos seus principais capitães. Segundo os amigos de Garstman, o motivo pelo qual este mandara matar Jacob Rabbi devia ser atribuído ao ressentimento pela morte e assassinato do pai de sua mulher, cometido por Jacob Rabbi. Este escolhia os piores tapuias e com eles efetuava diversas pilhagens no país: sua morte, pois, diziam só apresentava vantagens para o público, e Garstman fizera muito bem em vingar a morte de seu sogro, tirando do mundo um ladrão que cem vezes merecia o suplício; em todo caso, tratava-se apenas de uma formalidade para puni-lo, porque ele devia mesmo ser condenado. Os que conheciam particularmente Garstman e podiam julgar as suas ações sustentavam que outros tinham sido os seus motivos: sabendo que Jacob Rabbi reunira, com o fruto de seus roubos, uma rica presa e a escondera em lugar que ele bem conhecia, mandara matá-lo para disso tirar proveito; e, com efeito, encontraram-se em seu poder algumas jóias, reconhecidas por aqueles que Jacob Rabbi tinha roubado.
No registro de Pierre Moreau, embora haja referência ao sogro de Garstman, não há menção ao nome do velho João Lostau. Essa informação que João Lostau era sogro de Garstman, tanto é defendida por Hélio Galvão, em seu livro História da Fortaleza da Barra do Rio Grande, como por Olavo Medeiros Filho no livro No Rastro dos Flamengos.

segunda-feira, 18 de julho de 2011


“Minhas homenagens ao Mestre Joca Leiros que, dos caminhos e veredas de Macaíba, passou a caminhar sob as estrelas e pelas Estradas do etéreo, onde caminham os anjos e arcanjos da Paz e do Amor de DEUS”.


Ode à batuta do Mestre!


Numa tarde que findava parei pra ver se lembrava
Das Retretas da Pracinha, onde grupos de mocinhas
Passeavam de mãos dadas, em torno das  balaustradas
Flertando como sentiam quem melhor se apresentava
No coreto e seu entorno, ali ficavam escolhendo,
Os parceiros desejados ou com quem sintonizavam,
 na Praça de Macaíba, pois, era o grande momento.

Pouco tempo se passava  e a Banda, então, descia
Com instrumentos na mão  Aplausos da freguesia
A banda ali se formava, primando pela postura.
Na linha pela estatura, a farda qual armadura
E ali, os componentes, da Banda a desfilar
Mas o que mais empolgava era a batuta no ar.
Batuta do Mestre Joca, bem garboso a comandar.

Eis aqui, doces lembranças do Maestro e da Batuta
Pois um exemplo de luta, sonhando executar
Poesias musicais  que o viram consagrar
Como excelente Regente com a batuta no ar.
Eis homenagem singela, que fizemos  alcançar,
O pergaminho da glória e a batuta a atacar.

Jansen Leiros

*  *  *

Bosquejo biográfico de

JOÃO VITERBINO DE LEIROS

 
João Viterbino de Leiros era meu avô materno. Professor da Escola de Artífice de Natal, chefe da Funilaria, musicista. A Tuba como seu instrumento principal. Compositor de música sacra e autor de vários, dobrados, hinos e marchas, dedicou-se às valsas e à regência de corais. Além de sensível musicólogo, João Viterbino de Leiros era possuidor de dotes mediúnicos, promovendo administração de curas magnéticas em pacientes portadores de pequenos incômodos, comuns aos moradores da pequena cidade de Macaíba, onde morava e onde exercia suas faculdades transcendentais.

Mestre Joca, como era carinhosamente chamado pelo povo, tinha acesso a todas as camadas da comunidade. Era maçom, como todos os varões da família (do tronco Fagundes). O Vigário Bartolomeu Fagundes, irmão de sua avó, Duvina Renovata da Rocha Fagundes (nome de solteira) fora o responsável pela iniciação de quase todos os componentes daquela família.

Com os paramentos da maçonaria, ele incorporou os filhos, netos e colaterais aderentes, transmitindo-lhes os ensinamentos da Instituição e sua filosofia milenar.

Com esse perfil, João Viterbino de Leiros (neto do Pe. Antônio Gomes de Leiros) transformou-se em meu ídolo.

Professor nato e pedagogo por transferência genética, aproveitava todo e qualquer momento vago para repassar seus conhecimentos, parte adquirido nos bancos escolares, parte pelo aprendizado empírico que sedimentou seu acervo respeitável.

Sem dúvidas, João Viterbino de Leiros foi o responsável pela projeção da família, a partir de suas próprias qualidades e, líder desde rapazola, conquistou uma série de seguidores, principalmente no seio da família.

Possuidor de bela oratória, onde harmonizava o sacro e o maçônico era um metafórico por excelência e foi ele que me conduziu aos estudos dos textos sagrados, da filosofia maçônica e, principalmente, foi ele quem me iniciou nos conhecimentos da Doutrina dos Espíritos, a partir do pentatéutico kardequiano.

Minhas homenagens ao Mestre Joca Leiros que, dos caminhos e veredas de Macaíba, passou a caminhar sob as estrelas e pelas

Estradas do etéreo, onde caminham os anjos e arcanjos da Paz e do Amor de DEUS.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

PALESTRA DE ANDERSON TAVARES

u r g e n t e

Tendo em vista as chuvas caídas na tarde de hoje, dificultando o acesso ao local da palestra do confrade Anderson Tavaes, o Presidente Ormuz e o palestrante resolveram adiar o evento para outra data a ser anunciada.
Lamentamos o ocorrido.

QUANTO VERDE E QUANTO FRESCOR NA CASA DA ILHA DE PAQUETÁ, ONDE JOSÉ DO PATROCÍNIO VIVEU SEU EXÍLIO, DE 1831 A 1838!

COMO DEVIA SER LINDA ESSA CASA, NA ILHA DE PAQUETÁ/RJ, CHEIA DE VERDE E SILÊNCIO, ONDE O PATRIARCA DA INDEPENDÊNCIA - JOSÉ DO PATROCÍNIO FEZ O SEU EXÍLIO!
QUANTA POESIA HAVERIA, DENTRO DAQUELE PEITO MAGOADO! TERIA O ABOLICIONISTA TRANSBORDADO A SUA POESIA EM SEUS MOMENTOS DE CONTEMPLAÇÃO, SOLIDÃO E MESMO PELA ANGÚSTIA DO EXÍLIO?
JOSÉ DO PATROCÍNIO DEVE TER ESCRITO MUITAS POESIAS!
JOSÉ CARLOS DO PATROCÍNIO - 09-10-1853 + 29-01-1905
O PATRIARCA DA INDEPENDÊNCIA
JOSÉ DO PATROCÍNIO E MILITARES DEPORTADOS PARA A AMAZÔNIA EM 1892
PATROCINIO - O GRANDE ABOLICIONISTA

José Carlos do Patrocínio era filho de uma escrava alforriada e do cônego João Monteiro. Aos 14 anos deixou a fazenda da família para tentar a vida no Rio de Janeiro, onde chegou a ingressar na Escola de Medicina. Ao fim de alguns anos, porém, abandonou o curso e formou-se em farmácia, em 1874.
Ainda estudante, fundou uma revista mensal, "Os Ferrões", onde começou a revelar seu talento como polemista que o tornaria famoso. Em 1877, ingressou na redação de "A Gazeta de Notícias", escrevendo diversos artigos de propaganda abolicionista.Em 1881, com dinheiro emprestado pelo sogro, adquiriu a "Gazeta da Tarde", à frente da qual permaneceu por seis anos. Neste jornal, deu início à campanha abolicionista. Em 1887, fundou a "Cidade do Rio", onde intensificou os ataques à política escravocrata. Não se limitou a lutar apenas por escrito pelo abolicionismo. Realizou conferências públicas, ajudou a fuga de muitos escravos, organizou núcleos abolicionistas, militando ativamente até o triunfo da causa, em 13 de maio de 1888.Seu prestígio imenso durante os últimos anos do Império decaiu após a proclamação da República, quando passou a lutar por um programa liberal. Acabou afastado da vida pública. Seu jornal, "Cidade do Rio de Janeiro", foi interditado e ele deportado para Cucuí, no Amazonas, sob a acusação de ter participado de uma revolta contra o governo de Floriano Peixoto. Libertado pouco tempo depois, afastou-se da vida pública, colaborando esporadicamente na imprensa. Nos últimos anos de vida interessou-se pela navegação aérea, chegando a construir um aeróstato denominado Santa Cruz.Patrocínio também escreveu obras de ficção, mas sem a repercussão nem o talento do jornalista. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira de no. 21, que tinha Joaquim Serra como patrono.Se toda a propriedade é roubo, a propriedade escrava é um roubo duplo, contrária aos princípios humanos que qualquer ordem jurídica deve servir." Não se tratava apenas de uma retórica inflamada de nítida inspiração socialista, nem de um mero exercício de propagandismo desabusado que se poderia esperar de um dos jornalistas mais famosos do país.
Filho de um padre com uma escrava que vendia frutas, José do Patrocínio (1853 - 1905) sabia do que estava falando: senhor por parte de pai, escravo por parte de mãe, vivera na pele todas as contradições da escravatura.Nascido em Campos (RJ), um dos pólos escravagistas do país, mudou-se para o Rio de Janeiro e começou a vida como servente de pedreiro na Santa Casa de Misericórdia do Rio. Pagando o próprio estudo, formou-se em farmácia. Em 1875, porém, descobriu a verdadeira vocação ao um jornal satírico chamado "Os Ferrões” Começava ali a carreira de um dos mais brilhantes Jornalistas brasileiros de todos os tempos. De texto requintado e viril, José do Patrocínio - que de início assinava Proudhon - tornou-se um articulista famoso em todo o país. Conheceu a princesa Isabel, fundou seu diário, a "Gazeta da Tarde" virou o "Tigre do Abolicionismo". Em maio de 1883, criou, junto com André Rebouças, uma confederação unindo todos os clubes abolicionistas do país. A revolução se iniciara. "E a revolução se chama Patrocínio», diria Joaquim Nabuco.Pouco depois de a princesa Isa¬bel assinar a Lei Áurea, sob uma chuva de rosas no paço da cidade, a campanha que, por dez anos, Patrocínio liderara enfim parecia encerrada. “Minha alma sobe de joelhos nestes paços", diria ele, curvando-se para beijar as mãos da "loira mãe dos brasileiros”. Aos 35 anos in¬completos, era difícil difícil supor que, a partir dali, Patrocínio veria sua carreira ir ladeira abaixo. Mas foi o que aconteceu: seu novo jornal, “A Cidade do Rio” (fundando em 1887), virou porta-voz da monarquia – em tempos republicanos. Patrocínio foi acusado de estimular a formação da "Guarda Negra", um bando de escravos libertos que agiam com violência nos comícios republicanos. Era um "isabelista".Em 1889, aderiu ao movimento republicano: tarde demais para agradar aos adeptos do novo regime, mas ainda em tempo para ser abandonado pelos ex-aliados. Em 1832, depois de atacar o ditador de plantão, marechal Floriano, Patrocínio foi exilado na Amazônia. Rui Barbosa o defendeu, num texto vigoroso. "Que sociedade é essa, cuja consciência moral mergulha em lama, ao menor capricho da força, as estrelas de sua admiração?" Em 93, Patrocínio voltou ao Rio, mas, como continuou o "Marechal de Ferro", seu jornal foi fechado. A miséria bateu-lhe à porta e Patrocínio mudou-se para um barracão no subúrbio. Por anos, dedicou-se a um projeto delirante: construir um dirigível de 45 metros de comprimento. A nave jamais se ergueria do chão. No dia 29 de janeiro de 1905, José do Patrocínio sentou-se em frente da sua pequena escrivaninha no modesto barracão em que vivia no bairro de Inhaúma, no Rio de Janeiro. Começou a redigir: “Fala-se na organização de uma sociedade protetora dos animais. Tenho pelos animais um respeito egípcio. Penso que eles têm alma, ainda que rudimentar, e que têm conscientemente revoltas contra a injustiça humana. Já vi um burro suspirar depois de brutalmente espancado por um carroceiro que atulhava a carroça com carga para uma quadriga, e que queria que o mísero animal a arrancasse do atoleiro...” Não terminou a palavra nem a frase - Um jato de sangue jorrou-lhe da boca. O “Tigre do Abolicionismo” - pobre e desamparado -morria, imerso em dívidas e mergulhado no esquecimento.
Bibliografia:História do Brasil - Luiz Koshiba - Editora AtualHistória do Brasil - Bóris Fausto - EDUSP José do Patrocíniosobre Biografias por Algo Sobreconteudo@algosobre.com.br.

AINDA SOBRE PATROCÍNIO:

Em 1881 ele se casa com uma moça branca, desafiando a sociedade racista da época. Com dinheiro emprestado pelo sogro, compra o jornal Gazeta da Tarde e intensifica os discursos a favor da abolição da escravatura e da República. A publicação não dura muito tempo e, em 1887, Patrocínio institui o jornal A Cidade do Rio de Janeiro. Admirador confesso da princesa Isabel, é visto com maus olhos pelos governantes. Após a Proclamação da República, passa 18 meses na Europa e, ao retornar, escreve um manifesto contra Floriano Peixoto, o que lhe vale um período de prisão em Cucuí (AM). De volta ao Rio, em 1893, desafia novamente o governo federal, apoiando a Revolta da Armada.É obrigado a fugir e seu jornal tem a circulação suspensa, voltando a funcionar apenas dois anos mais tarde. Nos últimos anos do século XIX, sua atenção é atraída pelas novas conquistas tecnológicas. Traz, da França para o Brasil, em 1892, o primeiro automóvel movido a gasolina do país. Morre no Rio de Janeiro, enquanto redige um artigo saudando a Revolução Russa de 1905.

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Às vezes, muitas vezes, creio ter pertencido a várias épocas. Gosto de buscar as histórias do passado e imaginar como viviam, o que faziam, como cheiravam, o que comiam e, fora as intempéries políticas, os desafios e perigos, coo viviam, intimamente, os homens, para os quais, o Brasil ficou de costas, ignorando sua inteligência e cultura.
Hoje, como sempre, sentindo a felicidade da liberdade que gozamos, não posso deixar de lembrar os que morreram lutando por isso, em vão.
Hoje, devoto o meu primeiro pensamento, às 3 horas da madrugada (sempre acordo muito cedo, o mais tarde é às cinco do amanhecer) ao grande patriarca da independência - José do Patrocínio. Um nome que me fascinou quando aluna do Curso de História (UFRN) e hoje rememoro, através dessa potência que é o google.
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FONTE: BLOG "VALE VERDE", DE LÚCIA HELENA PEREIRA