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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Comunicado

CARÍSSIMOS CONFRADES E CONFREIRAS:
A Diretoria do Instituto Norte-rio-grandense de Genealogia tem o prazer e a alegria de comunicar aos seus associados seu novo endereço. A Instituição passará a funcionar tanto no expediente matutino como no vespertino em uma sala no prédio anexo ao I.H.G/RN, à Rua da Conceição n°. 623.
O local foi gentilmente cedido pelo Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, Dr. Jurandyr Navarro da Costa, que também é membro de nossa Instituição.
Todo o acervo pertencente ao I.N.R.G. já se encontra no local, como também uma estante destinada a receber livros em doação. Já foram doados cerca de 80 livros pelos sócios, Ormuz Simonetti, Carlos Gomes e Odúlio Botelho, que juntamente com o acervo composto de computadores, impressora, máquinas fotográficas, micro systems, DVDs, rádio-cds, máquinas fotográficas e pen drives estão à disposição dos sócios, mediante simples recibo.
Esperamos contar com a presença e a ajuda dos companheiros para melhorar o conforto do nosso ambiente, para que possamos tornar a Instituição mais dinâmica e com presença constante no meio literário e cultural de nosso Estado. 
No momento precisamos conseguir algumas cadeiras, um gelágua, uma cafeteira e um televisor para facilitar a ilustração dos nossos trabalhos de palestras, no que já estamos em campo para conseguir. 
ESPERAMOS A VISITA DE TODOS E, SE POSSÍVEL, LEVANDO ALGUMA DOAÇÃO em livros ou documentos importantes para a Genealogia.
Renovamos a lembrança para enviarem trabalhos para a nossa Revista até o final deste mês.
Oportunamente comunicaremos a data da Assembléia Geral para a definição da eleição e outros assuntos do interesse do INRG. AGUARDEM A CONVOCAÇÃO. 
 
Atenciosamente,
 
ORMUZ BARBALHO SIMONETTI
Presidente

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Carta de Pedro Avelino para Emygdio Avelino



João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Um dos documentos encontrados no Museu José Elviro, em Macau, foi a cópia “Xerox” de uma carta que o Jornalista Pedro Avelino escreveu para seu irmão, o advogado Emygdio Avelino (avô de Gilberto Avelino), sobre a liberdade de um escravo, no ano de 1885. Ela foi emitida em Angicos, em 10 de agosto de 1885.
Emygdio. É portador desta o escravo Pedro, pertencente ao Epiphanio, cunhado de Manoel Câmara, que para aí segue, de acordo comigo, e meus amigos, com o fim único de tratar de sua liberdade em cujo desideratum sofre positiva coação do seu senhor representado pelo mesmo Câmara. O referido escravo tem para isso o pecúlio de 100$000 e sofre de hérnia, mas padeceu ultimamente em inventário a avaliação de 300$000; e é quanto quer sem o menor abate o respectivo senhor. O Manoel Câmara julgando-se, talvez na Sibéria (é o que consigo ler) ou em pleno Jardim blasonou aqui publicamente, já ameaçando o escravo pela sua sorte futura, já atacando com o mais revoltante cinismo e petulância o direito das gentes, privilegiado em sua essência e já ofendendo grosseiramente em seu puro e legítimo melindre esse sentimento altruísta, altamente nobre, humanitário e universal, que hoje marca o característico do povo brasileiro, e faz o apanágio das nações civilizadas. Indigna e mesmo escandaliza ver ou ouvir falar a um escravagista ignorante, e que alimenta sentimentos tão baixos e mesquinhos como o de exercer vingança, munido só de bárbara prepotência, - sobre uma fraca e indefesa vítima da mais monstruosa e cruel tirania de que pode ser capaz o homem, - escravizando, inculcando os sentimentos e aspirações nativas e tantas de uma parte bem importante, mas bem infeliz da espécie humana! É preciso não termos ternura no coração para não sentirmos atraídos e interessados por esses infelizes, especialmente perante cenas puramente escravagistas!
É por esta simples, mas forte razão que me empenho em favor do escravo em questão, pedindo-lhe com muito interesse para você, que se orgulha em desposar a grande causa do abolicionismo, faça em prol do direito deste infeliz o que lhe facultarem seus recursos, e luzes – ponderando ao mesmo tempo em que vivamente lhe agradeço, associando-se a mim os amigos daqui – Deus – e a humanidade.
Sim.  O escravo foi recolhido a deposito com a audiência já marcada pela 2ª feira próxima vindoura, porém sucedendo-se um rapto por Manoel Câmara, manda-me aí o dito escravo para o fim acima declarado, porém se não for, por causa disso, possível tratar-se aí da liberdade do escravo, reitero meu pedido a você para por tudo obter atestado médico, com que se prove o mau físico do escravo, ainda(compreenda!) que este documento seja de duvidosa fé médica, mas que para o caso é um poderoso elemento: afinal muito devo esperar dos seus sentimentos generosos, já bastante conhecidos, e nos quais pouso as minhas esperanças nesta questão – o advogado escravagista é  Menezes! Vai o cavalo de tio Aureliano, que está aqui, para você vir. Nisso fazemos, todos, grande empenho, inclusive Padre Vigário, que neste sentido escreveu pelo escravo ao Padre Tote, e alguém a Elias Souto.
Desejava imenso que você Emygdio aparecesse ainda que não se demorasse, em último caso não podendo vir, mande o cavalo pelo mesmo escravo, e mande-me cópia de requerimento, prevenindo um despacho desfavorável, ou outro qualquer incidente nesta questão, que você melhor do que eu pode prever.
Tio Aureliano pede-lhe para você tomar prestado por poucos dias o violão encordoado do filho de Zeza, ou o de Galdino, e tio Aureliano manda-lhe dizer que esperava encontrar você aqui, porém como infelizmente não encontrou, pede-lhe com urgência para você vir cá que tem negócio sério com você.
Diga-me, que do meu remédio? Pois preciso tanto dele. Adeus. Tome em atenção o que lhe vim de dizer nesta, e disponha da vontade do seu mano e amigo, Pedro Avelino.
P.S. Entenda-se com Tote sobre a questão do escravo. Talvez seja preciso. As cartas vão por seu intermédio.
Esse Aureliano, citado acima, é Aureliano da Rocha Bezerra, nascido ao 16 de junho de 1857, filho de Matheus da Rocha Bezerra e Anna Angélica Bezerra. No seu batismo teve como padrinhos o Padre Vigário Felis Alves de Sousa e a irmã Ana Bezerra da Natividade, mãe de Pedro e Emygdio. Ele nasceu na mesmo ano que a irmã casou. Era um pouco mais velho que Emygdio (1858) e Pedro Avelino (1861). Aureliano faleceu em 12/4/1886, com 29 anos de idade em Macau, pouco menos de um ano dessa carta.
O padre Tote, citado acima, era Antonio Germano Barbalho Bezerra, filho de Antonio Barbalho Bezerra e Ignácia Francisca Bezerra. Fundou a Sociedade Libertadora Assuense a 13 de maio de 1885, com o propósito de libertar os escravos existentes no município de Assú. Foi o seu primeiro presidente. Era irmão do padre Elias Barbalho Bezerra como conta monsenhor Severino Bezerra, em Levitas do Senhor.

terça-feira, 3 de julho de 2012

NOSSA REVISTA
 
Caros confrades:
Para comemorar o aniversário do INRG em setembro, estamos coletando artigos para publicação do primeiro número de nossa revista. Para tanto, solicito aos confrades que nos enviem artigos, ensaios ou outro texto pertinente para que possamos organizar a publicação. Os textos devem ter o tamanho de artigo (mínimo de página e meia e máximo de 5 páginas), espaço 1,5, arial).
Aguardo resposta até o dia 15 de agosto.
 
Ormuz Barbalho Simonetti

texto para o e-mail www.ormuzsimonetti.blogspot.com

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Isabel Gondim, Nísia Floresta e Miguelinho



Muitos dos nossos ancestrais chegaram ao Rio Grande do Norte há mais de 300 anos. Outros estão aqui desde o início do século XVI.
Quando a viúva Maria da Conceição de Barros fez seu testamento, em 24 de dezembro de 1766, disse que era natural da nova Freguesia de Nossa Senhora dos Prazeres da Vila de Extremoz, onde foi batizada, sendo filha de Manoel Rodrigues Coelho, e de sua mulher Izabel de Barros, ambos defuntos. Disse mais que foi casada com Francisco Pinheiro Teixeira, na Matriz de Nossa Senhora da Apresentação.
Examinando os documentos mais antigos de batismos da Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação, encontramos que Maria da Conceição Barros foi batizada em 8 de dezembro de 1694, na Igreja de São Miguel da Aldeia de Guajiru (Extremoz), pelo Padre João de Mattos, da Companhia de Jesus,  tendo como padrinhos o sargento-mor Manoel de Abreu e Maria das Neves. Outros filhos do capitão Manoel Rodrigues Coelho e de sua mulher Izabel de Barros que aparecem nesses registros são: Ana, batizada em 21 de outubro de 1691; Francisco, em 12 de agosto de 1697; e Manoel,em 23 de abril de 1705. Em alguns outros documentos aparece como madrinha uma filha do casal de nome Paula.
Outra informação contida nos documentos citados acima dá conta que em 1710, Dona Maria da Conceição de Barros já era casada com Francisco Pinheiro Teixeira, e batizaram o filho Leonardo em 1711. Francisco Pinheiro Teixeira chegou ao nosso Rio Grande junto com os irmãos Padre Manoel Pinheiro Teixeira e José Pinheiro Teixeira, sendo eles originários de Arrifana de Sousa, Portugal. José Pinheiro Teixeira casou com Maria da Conceição de Oliveira filha do Provedor da Fazenda Real, Manoel Gonçalves Branco, e de Dona Catarina de Oliveira.
No seu testamento Dona Maria da Conceição diz que não houve descendência dos seus filhos Padre José Rodrigues Pinheiro e de Gonçalo Pinheiro. Inclui como herdeiros um filho do seu filho Manoel Pinheiro, já falecido, e os filhos de Leonardo Pinheiro, também falecido. Entre os filhos vivos, cita a viúva Francisca Antonia Teixeira (que foi casada com o lisboeta Manoel das Neves de Oliveira); Tecla Rodrigues, mulher de Francisco de Sousa e Oliveira; Bernardo Pinheiro; Anna Maria da Conceição, casada com o sargento-mor Manoel Antonio Pimentel de Mello; o padre Miguel Pinheiro Teixeira; Antonia Maria da Conceição, casada com o tenente-coronel Felipe Barbosa Tinoco; Francisco Pinheiro Teixeira; e Ignácio Pinheiro.
Alguns dados genealógicos a seguir foram extraídos dos livros de Arisnete Câmara sobre Isabel Gondim, de Adauto Câmara sobre Nísia Floresta, de Câmara Cascudo e Hélio Galvão, com algumas correções.
Vejamos agora relação do casal Francisco Pinheiro Teixeira e Dona Maria da Conceição com Nísia Floresta e Frei Miguelinho.
 Frei Miguelinho (Miguel Joaquim de Almeida Castro) era filho de Manoel Pinto de Castro, natural do Bispado de Penafiel (um dos testamenteiros de Dona Maria da Conceição) e de Francisca Antonia Teixeira, neto pela parte materna de Francisco Pinheiro Teixeira e Dona Bonifácia Antonia de Mello. Portanto Miguelinho era bisneto de Francisco Pinheiro Teixeira e Dona Maria da Conceição de Barros.
Nísia Floresta (Dionísia Gonçalves Pinto), por sua vez, era filha de Dionísio Gonçalves Pinto e Antonia Clara, neta materna de Bento Freire de Revoredo e Mônica da Rocha Bezerra. Mônica era filha de Mônica Borges da Rocha Bezerra e de Leonardo Pinheiro (Coelho). Portanto, Nísia era trineta de Francisco Pinheiro Teixeira e Dona Maria da Conceição de Barros. Essa Mônica Borges era filha de Julião Borges e Mônica da Rocha Bezerra. Há registro sobre Julião e Mônica, como padrinhos, em 1705.
Dona Bonifácia Antonia de Melo e Manoel Antonio Pimentel de Mello, citados acima, eram irmãos, filhos de Estevão Velho de Mello e Joanna Ferreira de Mello. Uma filha de Manoel Antonio e Anna Maria, com o mesmo nome da mãe, Anna Maria da Conceição, casou com João Damasceno Xavier Carneiro, que quando enviuvou se tornou padre. No registro de casamento de João Damasceno, ele é dado como filho natural do Provedor da Fazenda Real, Antonio Carneiro de Albuquerque Gondim. Não aparece o nome da mãe no registro de casamento, mas surge no batismo de seu filho, Joaquim (foi padre, também), de 19 de janeiro de 1785. Ela era Ignez Ritta de Mello Monteiro. Aliás, no artigo que fizemos sobre a intriga do Provedor Antonio Carneiro com o Padre Feliciano Dornelas, noticiamos que Dona Maria da Apresentação, domiciliária no Sertão de Panema, esposa do Provedor acima, em 1783 tinha encaminhado para D. Maria I, solicitação de provisão contra seu marido para libelo de divórcio. Não sei se houve regularização da relação de Antonio Carneiro com Dona Ignez, pois eles foram pais, também, de Ignácia Ignez  Gondim que foi casada com José Ignácio  Marinho Gomes. Do último casal nasceu Clara Monteiro de Mello, que foi casada com José Ignácio Borges que geraram Isabel Deolinda de Mello Albuquerque Gondim que casou com Urbano Egydio da Silva Costa, pais da Professora Isabel Urbana de Albuquerque Gondim.
As professoras e escritoras Isabel Gondim e Nísia Floresta nasceram em Papari (hoje Município de Nísia Floresta). Frei Miguelinho nasceu em Natal. A localidade de Olho d’Água de Onça em Pernambuco teve seu nome alterado e hoje é o município de Frei Miguelinho

segunda-feira, 5 de março de 2012

Nós o esquecemos, o Rei não

Nós o esquecemos, o Rei não
João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN e membro do IHGRN e do INRG
Manoel de Abreu Soares não aparece na relação dos capitães-mores de Vicente de Lemos, e essa omissão se repete nos demais livros de nossos autores. A segunda nomeação de Antonio Vaz Gondim para capitão-mor do Rio Grande contém o seguinte trecho: E com igual procedimento se haver no governo da capitania do Rio Grande em que assistiu por mais de seis anos, procedendo a contento daqueles moradores, fazendo muitas obras necessárias para conservação daquela praça e fortaleza dos Reis Magos. Daí, Lemos deduziu que Vaz Gondim foi nomeado em 1656, e, por isso, foi o primeiro capitão-mor depois da saída dos holandeses. O documento de nomeação de Antonio Vaz Gondim, possivelmente contém um erro, relativamente ao tempo que ele foi pela primeira vez capitão-mor, pois nessa data o nomeado foi outro.
Manoel de Abreu Soares nasceu nesta Capitania do Rio Grande. Seu pai, Jerônimo da Cunha, recebeu três sesmarias, sendo duas em 1605 e outra em 1610, as duas primeiras pelo Pitimbú, no caminho de Cajupiranga, e a terceira pelo Rio Potengi. Os nossos livros dão destaque a sua participação na Guerra dos Bárbaros, nomeado que foi como capitão-mor de toda a infantaria de soldados, pretos e índios, em 1688. Mas, antes disso tudo, teve uma participação heroica nos combates contra os holandeses e, foi nomeado capitão-mor da Capitania do Rio Grande, no ano de 1656, pouco tempo depois da saída dos holandeses. Foi, também, capitão-mor de Sergipe d' El Rei. Dois documentos fazem referência à passagem dele como capitão-mor da Capitania do Rio Grande: um Alvará expedido pelo Rei de Portugal em 1681, e a nomeação como capitão-mor de Infantaria dos soldados, pretos e índios, em 1688. Vejamos o documento de 1681.
O Príncipe como Regente, e Governador dos Reinos de Portugal, e Algarves: faço saber aos que este meu Alvará virem, que tendo respeito aos serviços, que Manoel de Abreu Soares, filho de Hierônimo da Cunha, e natural da Capitania do Rio Grande, me fez nas guerras do Brasil, em praça de soldado, cabo de esquadra, sargento, alferes, ajudante, capitão de Infantaria, e capitão-mor do Rio Grande, por espaço de vinte e um anos, dez meses, e três dias, desde o primeiro de agosto de seiscentos e trinta e oito, até dez de fevereiro de seiscentos e setenta e um = e neste tempo se achar em Pernambuco na entrada que se fez pela campanha do inimigo, no encontro do Engenho de Santo André; na peleja que se travou com o Conde de Nassau a vista de Porto Calvo, e mais encontros que com ele houve, na Campanha, passando a nado o Rio São Francisco, e em tudo fazer sua obrigação a que também acudiu no socorro com que o Mestre de Campo Luiz Barbalho Bezerra veio do Rio Una a Bahia. Tornando a Pernambuco, no ano de seiscentos e quarenta e cinco, se achar, outrossim, nos assaltos que se deram aos Holandeses, e Índios na Freguesia de São Lourenço; em várias ocasiões de peleja, em que o inimigo recebeu muita perda, saindo ferido de uma pelourada na perna esquerda; na que sucedeu na fronteira da Força dos Afogados, e Cinco Pontas, indo reconhecer o posto com trabalho, e risco; e assim mais nas marchas das Capitanias do Norte, e sucessos dela.
Por ordem que se lhe deu ir ao Rio São Francisco a conduzir gado para Infantaria; na primeira batalha dos Guararapes assinalar entre os mais; e assistindo por Cabo de cinco Companhias no posto de Salinas, fronteira ao Recife, ter alguns encontros com os inimigos; socorrer por vezes ao Governador Henrique Dias na marcha que fez a Paratibe; e nas jornadas da campanha da Paraíba. Na segunda batalha dos Guararapes obrar com valor, e ser ferido com uma bala por um ombro; no assalto que se deu ao inimigo com a sua Companhia, e outra à sua ordem, em Cunhaú; nas emboscadas do Paço de Barreta, e peleja que travou com os Holandeses, ser ferido de uma pelourada; e nos mais que houve, marchas que se fizeram, e sítios que se puseram ao Forte de Salinas, Casa do Rego, e Forte de Altena, até se recuperarem as Fortalezas do Recife, procedendo de modo, que lhe deram dois escudos de vantagem. Passando depois à Capitania do Rio Grande, marchar quarenta léguas pelo Sertão em seguimento dos Tapuias. E sendo provido no posto de Capitão-mor da mesma Capitania no ano de seiscentos, e cinquenta e seis, proceder como muito devia.
Em satisfação de tudo, e de atualmente estar servindo com cuidado e zelo, de Capitão-mor de Sergipe, em que tem despedido muito de sua fazenda. Hei por bem de lhe fazer mercê (além de outra que pelos mesmos respeitos lhe fiz) deste Alvará de Ofício de Justiça, ou Fazenda, para filha ou filho. E este se cumprirá inteiramente como nele se conclui, sem dúvida alguma, e valerá, como Carta sem embargos de ordenação do Lº 2º ttº 40, em contrário. E se passou por duas vias, uma só haverá efeito, e pagou de novo direito vinte réis que se carregarão ao Tesoureiro Hieronimo da Nóbrega de Azevedo a folhas quatrocentos e quatorze. André Serrão de Carvalho o fez em Lisboa, a vinte e dois de julho de seiscentos e oitenta e um. O secretário André Lopes de Souza o que escreveu.
Assim, pelo visto acima nossos livros deve incluir na relação dos nossos capitães-mores, o potiguar Manoel de Abreu Soares.
Esse Alvará foi usado, somente em 1729, pelo seu filho, alferes Pascoal Gomes de Lima, assunto que vamos tratar em outro artigo.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

1ª CONFERÊNCIA REGIONAL DO LITORAL ORIENTAL E METROPOLITANA SOBRE TRANSPARÊNCIA E CONTROLE SOCIAL LOCAL: Centro Municipal de Referência em Educação Aluízio Alves – Av. Coronel Estevam,
DATA: 1º de março de 2012.
HORA: 7h30min às 13h.
OBJETIVO DA CONFERÊNCIA: A 1ª Conferência Regional sobre Transparência e Controle S
ocial - 1ª CONSOCIAL tem como objetivo principal promover a transparência pública e estimular
a participação da sociedade no acompanhamento da gestão pública, contribuindo para
um controle social mais efetivo e democrático que garanta o uso correto e eficiente do dinheiro público.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

· Debater e propor ações da sociedade civil no acompanhamento e controle da gestão
pública e o fortalecimento da interação entre sociedade e governo;
· Promover, incentivar e divulgar o debate e o desenvolvimento de novas idéias e
conceitos sobre a participação social no acompanhamento e controle da gestão pública;
· Propor mecanismos de transparência e acesso a informações e dados públicos a ser
implementados pelos órgãos e entidades públicas e fomentar o uso dessas informações e
dados pela sociedade;
· Debater e propor mecanismos de sensibilização e mobilização da sociedade em prol da p
articipação no acompanhamento e controle da gestão pública;
· Discutir e propor ações de capacitação e qualificação da sociedade para o acom
panhamento e controle da gestão pública, que utilizem, inclusive, ferramentas e t
ecnologias de informação;
· Desenvolver e fortalecer redes de interação dos diversos atores da sociedade para o
acompanhamento da gestão pública; e
· Debater e propor medidas de prevenção e combate à corrupção que envolva o trabalho
de governos, empresas e sociedade civil.
O tema da Conferência é: ”A Sociedade no acompanhamento e controle da
gestão pública”, será discutida durante as etapas: Nacional, Estadual e Regional. A Conferência Nacional ocorrerá de 18 a 20 de maio de 2012, em Brasília.
No Rio Grande do Norte a 1ª Conferência Estadual sobre Transparência e
Controle Social, foi convocada, através do decreto nº 22. 266 de 09 de junho de 2011 do G
overno do Estado do RN, e será realizada de 15 a 16 de março de 2012, em Natal/RN. A C
onferência será presidida pelo Controlador Geral do Estado e organizada por uma Comissão
Estado do Rio Grande do Norte
Controladoria Geral do Estado
Organizadora Estadual (COE/RN), formada pela Controladoria Geral do Estado, Secretaria de
Estado do Planejamento e das Finanças, composta por representantes de três segmentos:
60% (sessenta por cento) da Sociedade Civil, 30% (trinta por cento) do Poder Público e 10%
(dez por cento) de Conselhos de Políticas Públicas. A Comissão Organizadora Estadual (COE/
RN) definiu 06 (seis) regionais de acordo com as regiões de desenvolvimento do RN e os
territórios para o processo de Conferência no Estado, são elas: Alto Oeste - Pau dos Ferros,
Litoral Norte – João Câmara, Seridó - Caicó, Médio Oeste, Vale do Açu-Mossolroense.
Mossoró, Agreste Trairi e Potengi - Nova Cruz e Litoral Oriental e Metropolitana - Natal.
O credenciamento para participar da Conferência Regional do Litoral Oriental e M
etropolitana, será feito no dia.

Cidade da Esperança, Natal/RN (ao lado da Rodoviária Nova).

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

 
Convido a todos para o comparecimento da sessão de DEFESA de

minha dissertação de MESTRADO

DISCENTE: FRANCISCO ANDERSON TAVARES
DATA: 28/02/2012
HORA: 09:00
LOCAL: AUDITÓRIO DO CENTRO DE EDUCAÇÃO/UFRN

Tema: AUGUSTO TAVARES DE LYRA: A REPÚBLICA EM VÁRIOS TONS

RESUMO:

O presente estudo tem por escopo analisar as práticas político-intelectuais de Augusto Tavares de Lyra, pertencente a uma elite que governou
o Rio Grande do Norte, durante os dois primeiros decênios da “República Velha” de 1889 a 1918. O recorte temporal firmado tem início no
final do século XIX, em 1872, ano de seu nascimento, até o ano de 1958, quando faleceu aos oitenta e seis anos incompletos, no Rio de
Janeiro. Justificamos a ausência de referencias relacionadas ao homem público em seus vários aspectos da atividade funcional. No entanto,
analisaremos as vivências e práticas de Tavares de Lyra como homem público a partir de documentos pesquisados. As referências estão
centradas nas suas atividades políticas de 1894 a 1918. Utilizamos como principal suporte artigos, reportagens, discursos e livros escritos
por seus contemporâneos. Observamos que as fontes documentais, tais como mensagens, leis e decretos governamentais, bibliografias
acerca do período evocado e o arquivo do intelectual Tavares de Lyra foram de grande valia para a construção do personagem Augusto
Tavares de Lyra. Entendemos que embora político de práticas liberais e empenhado em reformar o sistema educacional brasileiro, ele foi
fruto de um instante da política nacional que privilegiou poucos núcleos familiares em detrimento da democracia descrita somente na lei e
que, por isso, possuía comprometimentos com as práticas da Primeira República. Seu legado reside em uma obra literária ligada diretamente
ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e aos estudos realizados, enquanto jurista e economista, conhecedor dos problemas que
afligiam o Brasil da época.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012


Nossa Atlântida
por Edgar Barbosa

Macau nasceu do mar revolto e se estendeu por terra, com o seu povo de salineiros e de pescadores, ouvindo e aprendendo o marulho bravio das ondas. O destino quis que ela tivesse um nome evocativo das longas e aventurosas viagens aos portos do longínquo Oriente. Um nome que se pronuncia imaginando iates, gôndolas, falúas, barcos de velas brancas, gemendo cantigas de gajeiros e arfando nas enseadas de países distantes.

Mas, no burburinho de tantas sugestões românticas que esse nome desperta, ninguém conseguiu fazer ressurgir do abismo em que se afogou, a ilha de Manoel Gonçalves, a nossa perdida Atlântida, que ainda não encontrou o seu Platão.

A Ilha de Manoel Gonçalves, tal como nos parece na imaginação sempre disposta a iludir-se e a sonhar, não foi nenhuma dessas cidades contra as quais a ira oceânica se desmandou implacavelmente. Era uma feliz aldeia de pescadores sem vícios nem crimes que chamassem a si o castigo dos elementos. O mar, em luta com a terra, enrolava parceis e recifes, arrastando-os no dorso das vagas. A humilde ilhota de pescadores, no meio do tremendo campo de batalha, assistia inquieta às escaramuças que arrancavam pedaços do seu solo. E enfim, um dia, apenas viçou sobre a imensidão oceânica o pugilo derradeiro de terra, pedestal de uma cruz que abria os braços, clamando e perdoando. Os habitantes fugidos da ilha condenada e moradores da margem direita do rio foram em procissão de ladainhas e preces, buscar o cruzeiro que o oceano havia respeitado. E em Macau os seus primitivos povoadores continuaram a amar e venerar os velhos santos, as queridas imagens e a cruz que abençoara a agonia da ilha perdida.

Foi assim que morreu, há muitas dezenas de anos, a ilha de Manoel Gonçalves, afogada no delta indomável do Rio Piranhas. Mas, do amarfanhado lençol marinho que a sepulta ela por vezes aparece, como uma Vitória Régia, numa ressurreição. As suas ruínas, as pedras das suas casas, os tijolos das suas calçadas onde tantos meninos brincaram e correram, cantando e sorrindo para o mar, ainda afloram aos olhos supersticiosos dos pescadores, pelas noites de lua.

A Ilha de Manoel Gonçalves morreu para que a cidade de Macau nascesse. Nenhuma semente de terra dessas milhares que Deus semeou pelo mar teve um destino tão lindo. Macau surgiu, cresceu para o oceano revolto, transformou a água invasora em pirâmides de sal que cintilam como um diadema de imperatriz. E já agora não é mais possível trocar por nenhum ouro do mundo toda a pobre existência ignorada da ilha que morreu do mal de ser feliz.

EDGAR BARBOSA
_______________
Colaboração do pesquisador João Felipe da Trindade

Conhece Macau?
Roteiros do Brasil
Região Pólo Costa Branca
HISTÓRIA DA CIDADE

No ano de 1825, aproximadamente, as águas do Oceano Atlântico, começaram a invadir a pequena ilha de Manoel Gonçalves que neste tempo, era habitada por portugueses que se dedicavam à exploração e ao comércio de sal.
Em 1829, tornando-se impossível a permanência destes habitantes na ilha, em função do avanço das águas, decidiram então transferir-se para um outro lugar, escolhendo a ilha localizada na foz do rio Assú-Piranhas, denominada de Macau, nome este originado da corruptela da palavra chinesa A-MA-NGAO, que significa abrigo ou porto de Ama, deusa dos navegantes.
Os fundadores do povoado de Macau, foram os portugueses: o capitão Martins Ferreira e quatro genros deste: José Joaquim Fernandes, Manoel José Fernandes, Manoel Antônio Fernandes, Antônio Joaquim de Souza e ainda João Garcia Valadão e o brasileiro João da Horta. Seus habitantes dedicavam-se inteiramente à exploração do sal, que ainda hoje constitui a base econômica do município e em menor escala a pesca artesanal.
O povoado de Macau desmembrou-se de Angicos e tornou-se município através da Lei nº 158, de 02 de outubro de 1847. A comarca foi criada pela Resolução nº 644, de 14 de dezembro de 1871, sendo que a Lei nº 761, de 09 de setembro de 1875 elevou à categoria de Cidade e sede do município.

Significado do Nome
Seu nome é uma corrupta da palavra chinesa A-MA-NGAO, que significa Abrigo ou Porto de Ama, deusa dos Navegantes.

Aniversário da Cidade
2 de Outubro de 1847

CARACTERÍSTICAS
Macau é o maior produtor de Sal do país e um dos maiores do mundo. Destaca-se, também, na produção de pescado, tanto de água doce quanto de salgada. Abriga pirâmides de sal marinho, as famosas salinas; cata-ventos gigantes; velhos casarões e belas praias. É banhada pelo rio Açu e cercado por ilhas, praias, mangues e gamboas. Sua Padroeira é Nossa Senhora da Conceição.

Clima
Semi-árido
Temperatura Média
27,2ºC

COMO CHEGAR
Partindo de Natal: BR-406
Localização
Município do Litoral Norte do Estado do Rio Grande do Norte.
Limites
Ao Norte com o Oceano Atlântico; Ao Sul com os municípios de Pendências, Afonso Bezerra e Alto do Rodrigues; Ao Leste com os municípios de Guamaré e Pedro Avelino; Ao Oeste com o município de Carnaubais.
Acesso Rodoviário
BR-406 e RN-118
Distâncias
178 Km da Capital

TURISMO
Principais Pontos Turísticos
Farol de Macau
Farol com 11 m de altura e alcanse luminoso de 12 milhas náuticas.
Localização: Torre da caixa dágua da CIRNE.
Obelisco da Independência
Construção de 1922, feita para comemorar o I Centenário da Independênci do Brasil
Localização: Praça da Conceição
Igreja da Matriz de Nossa Senhora da Conceição
Construção do séc. XVII
Localização: Praça da Conceição, 65, Centro- Tel: 521-1635
Museu do Carnaval Colô Santana
Localização: Rua São Vicente, s/nº, Campi Avançado da UFRN.
Museu José Elviro
Localização: Rua Augusto Severo, s/nº, próximo à Igreja Matriz.
Praias
As praias de Camapum, Barreiras, e Diogo Lopes, são paraísos ecológicos, ainda inexplorados que podem ser alcançados por estradas asfaltadas ou em prazerosos passeios de barcos.
Praia de Camapum
Entre a Ilha do Alagamar e a sede municipal, despontou na década de 90 como a melhor praia do município, tendo como grande atrativo a Vaquejada de Praia – única no Brasil – que se realiza anualmente no mês de julho, no Parque de Vaquejada “Flávio Sá”. Onde também acontece concentração de foliões durante todo o período de Carnaval. Concentração essa que conta com um palco armado para levar alegria e descontração tanto para o povo macauense como também para os turistas e visitantes em geral.
Praia de Barreiras
Distrito do município de Macau, é uma praia típica de pescadores, com a beleza natural de suas camboas.
Praia de Diogo Lopes
Sendo um dos distrito do município de Macau de maior população, caracterizado como Praia de pescadores. Conhecida por possuir belas vistas naturais.

EVENTOS
Festa de Sebastião
Localização: Barreiras
Data: 20 de Janeiro
Festival de Música
Data: 15 dias antes do Canaval
Carnaval
Data: Fevereiro
Festa das Flores
Data: Última semana de Maio
Diofo Fest Folia
Data: Última semana de Maio
Intervenção Cultural
Data: Junho a Setembro
Festas Juninas
Data: 20 a 29 de Junho
Vaquejada de Praia
Data: 2ª Semana de Julho
Festa de Nossa Senhora dos Navegantes
Data: 15 de Agosto
Festa do Sal e do Reencontro
Data: 1º a 9 de Setembro
Festa de Nossa Senhora da Conceição
Data: 8 de Dezembro
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Do site: férias.tur.br

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Sobre os Dantas Corrrea



Sobre os Correa Dantas
Os documentos aqui apresentados foram enviados por Helder Macedo, em PDF. Ele, posteriormente, enviou em Word. Fiz uma  transcrição para o Word, eliminando algumas abreviaturas e corrigindo algumas palavras. Pela importância do assunto para a nossa Genealogia posto neste blog. Cada um dos documentos foi extraído do enderêço abaixo.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo – PT/TT/TSO-CG/A/008-001/1515
Tribunal do Santo Ofício, Conselho Geral, Habilitação, Antonio, Mc.203m doc.3025
Diligência sobre a geração, vida e costumes do capitão Antonio Dantas Correa Góes, natural da Freguesia de Nossa Senhora das Neves da Cidade da Paraíba, e morador na dos Patos, tudo do Bispado de Pernambuco: casado com Dona Josefa Francisca de Araújo ( 1801-1804).

Casamento de José Dantas Corrêa com Tereza de Gois de Vasconcelos
Certifico que revendo os livros dos assentos de casamentos desta Freguesia de Nossa Senhora das Neves da Cidade da Paraíba do Norte em um deles as folhas setenta e seis verso achei o assento do teor seguinte: Aos vinte e dois de novembro de mil setecentos e quarenta e cinco, com licença do Senhor Bispo na Igreja de Nossa Senhora das Neves, digo do Carmo da Paraíba na presença do Padre Frei Luiz de São Jerônimo e das testemunhas o Governador Antonio Borges da Fonseca, e o Juiz Ordinário Manoel Martins Grangeiro, se receberam por palavras de presente na forma que dispensa o Sagrado Concílio Tridentino, o capitão-mor José Dantas Correa, filho legitimo do Alferes José Dantas Correa e de sua mulher Izabel da Rocha Meireles, natural desta Freguesia de Nossa Senhora das Neves, e morador na Freguesia do Piancó, com Dona Thereza de Góis de Vasconcellos, filha do coronel Lourenço de Góis de Vasconcellos e da sua mulher Dona Maria de Araújo de Vasconcellos, natural e moradora desta Cidade da Paraíba, e receberam as bênçãos nupciais; do que mandei fazer este assento que assinei para constar. O Vigário Antonio da Sylva Mello. E não se continha mais em dito assento que bem e fielmente trasladei do próprio e que tudo afirmo aos Santos Evangelhos. Paraíba, 20 de outubro de 1802. José Elias de Carvalho, Prior.
Batizado de José Dantas Correa, o 2º
Certifico que revendo os livros dos batizados desta Freguesia de Nossa Senhora das Neves da Cidade da Paraíba do Norte, em um deles as folhas sessenta e quatro verso achei o assento do teor seguinte: em primeiro de abril de mil setecentos e oito com licença do Muito Vigário na Capela de Nossa Senhora do Desterro batizou o Padre Custódio de Oliveira Pereira, a José filho de José Dantas Correa e de sua mulher Izabel Rocha; foram padrinhos o capitão Domingos de Siqueira da Sylva, e sua mulher Maria das Neves. Não tomou os Santos Óleos, do que fiz este assento dia, e era ut supra. Antonio Dias Monteiro, coadjutor. E não se continha mais em dito assento que bem e fielmente trasladei do próprio ao qual me reporto e tudo afirmo aos Santos Evangelhos. Paraíba, 20 de outubro de 1802. José Elias de Carvalho, Prior.
Batizado de Lourenço de Góis e Vasconcellos
Certifico que revendo os livros dos assentos dos batismos dos livros desta Freguesia de Nossa Senhora das Neves da Cidade da Paraíba do Norte não consta do assento do avô do suplicante, coronel Lourenço de Góis, por ser antigo, mas me consta ser o batizado (....) temente a Deus e de bons costumes o que tudo afirmo aos Santos Evangelhos. Paraíba, 20 de dezembro de 1802. José Elias de Carvalho, Prior.
Batizado de José Dantas Correa,o 1º
Certifico que revendo os livros dos assentos dos batismos desta Freguesia de Nossa Senhora das Neves da Cidade da Paraíba do Norte, não consta do assento de José Dantas, avô paterno do suplicante, nem achar pessoa alguma que me desse notícia dos nomes dos seus pais, por donde pudesse procurar o dito assento por serem muitos antigos e já terem mais de cem anos, pois seu filho José Dantas, tem noventa e quatro anos como consta do seu batismo e tudo afirmo aos Santos Evangelhos e do mesmo livro de batismos as folhas 64, verso. Paraíba, 20 de outubro de 1802. José Elias de Carvalho, Prior.
Batizado de Antonio Dantas Correa de Góis
Manoel Antonio Rocha, Professo na Ordem de Cristo,  Comissário do Santo Ofício e Vigário Encomendado na Igreja Matriz de Nossa Senhora das Neves da Cidade da Paraíba, por Sua Excelência Reverendíssima, Certifico, que revendo os livros de batismos desta Freguesia, em um deles a pagina 91, achei o assento, de que faz menção a petição, do teor seguinte. Aos vinte, e oito dias do mês de outubro de mil setecentos e cinquenta, nesta Matriz de Nossa Senhora das Neves da Paraíba, de licença minha, o Reverendo Padre Manoel de Carvalho batizou e pôs os Santos Óleos ao inocente Antonio, filho do sargento-mor José Dantas, e de sua mulher D. Thereza de Goes: foram padrinhos o coronel Lourenço de Goes de Vasconcellos e sua filha D. Maria de Goes, solteira: do que mandei fazer este assento que assinei = Antonio Soares de Barboza, Vigário. E não se continha mais em dito assento, eu bem, e fielmente copiei do original, a que me refiro e vai sem a siza, que duvida faça. Cidade da Paraíba, 4 de maio de 1807. Manoel Antonio da Rocha, Vigário Encomendado da Paraíba.
Batizado de Tereza de Góis de Vasconcellos
Manoel Antonio da Rocha, Professo na Ordem de Cristo, Comissário do Santo Ofício e Vigário Encomendado na Igreja Matriz de Nossa Senhora das Neves da Cidade da Paraíba por Sua Excelência e Reverendíssima que Deus Guarde, Certifico que revendo os livros dos batismos desta Freguesia, em um deles a página 58, achei o assento do teor seguinte. Aos vinte, e sete dias do mês de maio de mil setecentos e vinte e sete, com minha licença, na Capela de Santos Cosme e Damião, batizou sem os santos óleos, pelos não haver, o Reverendo Padre Antonio Rodrigues Frazão a inocente Thereza, filha do coronel Lourenço de Goes de Vasconcellos, e de sua mulher D. Maria de Arahujo: foram padrinhos o sargento-mor Simão de Goes de Vasconcellos, e Dona Joanna de Souza Coitinho: de que fiz este assento que assinei para constar. O Vigário Antonio da Sylva Mello. E não se continha mais em dito assento, eu bem, e fielmente copiei do próprio, a que me reporto. Cidade da Paraíba, 4 de maio de 1807.
Batizado de José Dantas Correa, o 1º
Manoel Antonio da Rocha, Professo na Ordem de Cristo, Comissário do Santo Ofício e Vigário encomendado na Igreja Matriz de Nossa Senhora das Neves da Cidade da Paraíba, por Sua Excelência Reverendíssima que Deus Guarde, certifico que revendo os livros de batismos dos mais antigos da Freguesia, não achei o acima requerido, pelo que recorri aos de casamentos, e com efeito em um deles a página 39v, achei que o dito José Dantas Correa no ano de mil setecentos e onze, fora padrinho com Domingos Siqueira da Sylva no casamento de Matheos Bizerra da Costa com Anna de Abreu Maciel, pelo que se vê dos muitos anos, não se poder achar o assento do dito José Dantas Correia, usando deste meio para ver, se no casamento do dito José Dantas Correia com D. Izabel da Rocha Meireles achava notícia de seus pais. É o que posso informar o suplicante em fé de Pároco. Cidade da Paraíba, 7 de maio de 1807. Manoel Antonio da Rocha, vigário encomendado da Paraíba.
Batizado de Izabel da Rocha Meireles
Manoel Antonio da Rocha, Professo na Ordem de Cristo, Comissário do Santo Ofício e Vigário Encomendado na Igreja Matriz de Nossa Senhora das Neves da Cidade da Paraíba, por Sua Excelência Reverendíssima que Deus Guarde, certifico, que revendo os livros de batismos dos mais antigos  da Freguesia, não achei o acima requerido, por não declarar, filha de que pais, assim no ano de mil seiscentos, e noventa e seis a 48v do teor seguinte: aos dezesseis de fevereiro de mil seiscentos e noventa e seis, com licença do Reverendo Vigário, batizou o Padre Frei João de Santo Elias, Religioso de Nossa Senhora do Carmo em Nossa Senhora da Guia, a Izabel, filha legitima de Antonio Pereira, e de Ricarda Costa; foram padrinhos João Cardozo, e Iria Soares, de que fiz este assento para constar. O coadjutor Antonio de Souza Ferrão. E não se continha mais em dito assento que bem fielmente copiei do próprio, a que me reporto. Cidade da Paraíba, 7 de maio de 1807. Manoel Antonio da Rocha, Vigário Encomendado da Paraíba.
Casamento de Antonio Dantas Correa de Góis com Josefa Francisca de Araújo
Manoel Rodrigues Xavier Presbítero Secular, Comissário do Santo Ofício da Inquisição de Lisboa, Cura e Vigário da Vara nesta Freguesia de Nossa Senhora da Guia do Lugar dos Patos, termo da Vila do Príncipe e nela Juiz dos Casamentos e (...) tudo por sua Excelência Reverendíssima, Certifico, que revendo o livro dos assentos dos casamentos desta Freguesia, nele achei o assento, de que faz menção o requerimento supra, cujo teor de verbo ad verbum é o seguinte = aos quinze dias do mês de outubro de mil setecentos, e noventa e dois neste sítio de São Gonçalo da Serra do Monteiro desta Freguesia pelo meio dia em minha presença se receberam por esposos presentes os nubentes o alferes Antonio Dantas Correa de Goez, e D. Josefa Francisca de Araújo, esta é filha legítima de Joaquim de Araújo de Almeida, já falecido, e de sua mulher D. Mariana Francisca dos Santos Maiores, e natural do Cariri de fora, e aquele é filho legítimo do sargento-mor José Dantas Correa, e de sua mulher D.Thereza de Goez e Vasconcellos, já defuntos, e natural da Cidade da Paraíba, corridos seus banhos, tanto de suas naturalidades, quanto de seus domicílios, sem impedimento, lhes dei as benções matrimoniais juxt. Rit. Roman., foram confessados, e examinados da Doutrina Cristã, e assistiram por testemunhas o capitão Bento da Costa Vilar, e o Juiz Ordinário José Vicente Rodrigues de Carvalho, que comigo assinaram no assento que fica no arquivo desta Igreja, e para constar fiz este assento em que me assinei. Manoel Rodrigues Xavier, cura dos Patos = e não se continha mais no dito assento, a que me reporto, em fé de pároco. Patos, 24 de setembro de 1793. Manoel Rodrigues Xavier, Cura dos Patos.
Batizado de Mariana Francisca de Souto Maior
Manoel Antonio da Rocha, Professo da Ordem de Cristo, Comissário do Santo Ofício, e Vigário Encomendado na Igreja Matriz de Nossa Senhora das Neves da Cidade da Paraíba por Sua Excelência Reverendíssima que Deus Guarde, certifico que revendo os livros de batismos desta Freguesia, em um deles se acha a folha 129 o assento do teor seguinte. Aos vinte, e nove dias do mês de Maio de mil setecentos, cinquenta e sete na Matriz desta Freguesia de Nossa Senhora das Neves da Paraíba do Norte, de minha licença, o Padre Mathias Mendes Viana batizou e pôs os Santos Óleos a inocente Marianna, filha legítima do sargento-mor Manoel Rodrigues Pires, e de sua mulher Francisca Coelho Barreto: foram padrinhos Vicente Luis da Costa, e Tereza de Jesus, filha de José Rodrigues Pires: de que mandei fazer este assento, que assinei = Francisco Gomes de Mello. Pro Vigário. E não se continha mais em dito assento, que bem e fielmente copiei do próprio a que me refiro. Cidade da Paraíba, 4 de maio de 1807. Manoel Antonio da Rocha, Vigário Encomendado da Paraíba.
Batizado de Maria de Araújo e Vasconcellos
Manoel Antonio da Rocha, Professo na Ordem de Cristo, Comissário do Santo Ofício e Vigário Encomendado na Igreja Matriz de Nossa Senhora das Neves da Cidade da Paraíba, por Sua Excelência e Reverendíssima que Deus Guarde, certifico, que revendo os livros de batismos desta Freguesia, em um deles a página 72 achei o assento do teor seguinte. Aos vinte e dois do mês de abril de mil setecentos e oito, batizou o Padre Antonio de Andrade Bezerra, da Capela de Santos Cosme e Damião, de Inhobim, com licença do Reverendo Vigário a Maria, filha legítima do capitão Ignácio de Freitas e de sua mulher Guiomar Fernandes: foram padrinhos o dito Padre Antonio de Andrade, e D. Violante de Souza: de que fiz este termo para constar. O Coadjutor, Antonio de Souza Ferrão. E não se continha mais em dito assento, que bem e fielmente copiei do próprio a que me refiro. Cidade da Paraíba, 4 de maio de 1807. Manoel Antonio da Rocha, Vigário Encomendado da Paraíba.
Batizado de José Dantas Correa, o 2º
Manoel Antonio da Rocha, Professo na Ordem de Cristo, Comissário do Santo Ofício e Vigário Encomendado na Igreja Matriz de Nossa Senhora das Neves da Cidade da Paraíba por Sua Excelência  Reverendissima que Deus Guarde, certifico, que revendo os livros de batismos dos mais antigos da Freguesia, não achei o assento requerido do sargento-mor José Dantas Correa, pai dos Suplicante, porem recorrendo aos livros de casamento em um deles, a página 74 achei que o capitão-mor José Dantas Correia é filho legítimo do Alferes José Dantas Correa e de Izabel da Rocha Meireles, natural desta Freguesia de Nossa Senhora das Neves, e morador na Freguesia do Piancó, e que fora casado com D. Tereza de Goes, natural desta Freguesia da Paraíba no ano de mil setecentos, quarenta e cinco: é o que posso informar a respeito, a vista do livro a que me reporto em fé de Pároco. Cidade da Paraíba, 6 de Maio de 1807. Manoel Antonio da Rocha, vigário Encomendado da Paraíba.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012


MORRE DEÍFILO, NASCE UMA NOVA ESTRELA NO CÉU

Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor e advogado

            Veio ao mundo no espaço de Areia Branca, mas a cidade do Natal acolheu o seu corpo físico em vida e no instante final da sua existência nesta dimensão da vida.
            Na verdade DEÍFILO GURGEL foi um cidadão do mundo, das noites e dos dias, dos folguedos, da terra-mãe, dos costumes e da alegria dos seus concidadãos.
           Poucos tiveram tanto merecimento à imortalidade quanto ele, mesmo sem ter alcançado uma cadeira na Academia de Letras do Rio Grande do Norte.    
           A humanidade ficou mais pobre hoje, mas o Céu se rejubila com a sua chegada e sua recepção será exuberante, pois ali encontrará Enélio, que partiu 30 dias antes e já deverá estar agregando os amigos intelectuais e os humildes que ele sempre prestigiou, como  D. Militana, o rabequeiro André, e pelos três Chicos, o coquista Chico Antônio, o mamulengueiro Chico Daniel, o entalhador Chico Santeiro, pelo cantador Fabião das Queimadas, pelo conterrâneo Tico da Costa, e tantos outros que ele soube respeitar e engrandecer na sua simplicidade imortal.

            Todos nós sentimos a sua partida, como se perdesse um ente querido da família. O seu valor ficará registrado na história, pois vai-se o corpo, mas fica o espírito de um dos mais belos filhos desta terra de Poti. Certamente que será louvado por todas as entidades culturais do Rio Grande do Norte, principalmente aquelas das quais foi fundador - União Brasileira de Escritores do RN e o Instituto Norte-Riograndense de Genealogia.
         (escrito em 06.02.2012)_____
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ENÉLIO LIMA PETROVICH

A família de ENÉLIO LIMA PETROVICH, representada pelos seus membros
Maria do Perpétuo Socorro Galvão Petrovich (Miriam Petrovich), Lirian e Júlio Cesar, Célio e Maria do Livramento, Enélio Antonio e Ana Carla, e respectivos netos, fizeram celebrar a Missa de 30° dia, em sufrágio da sua alma, realizada ontem, dia 06-02-2012, às 17:00, no Convento Santo Antonio (Igreja do Galo), em Cidade Alta.
Compareceram os seus familiares e grande quantidade de amigos e admiradores. O INRG se fez representar por vários confrades.
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DEÍFILO GRUGEL

ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG, membro do IHGRN e da UBE-RN)

www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br
(PUBLICADO NO PERIÓDICO “O JORNAL DE HOJE” EDIÇÃO DE 03 DE MARÇO DE 2011)



DEÍFILO GURGEL, O POETA DE AREIA BRANCA

. . . por isso fazia seu grão de poesia, e achava bonita a palavra escrita, por isso sofria, de melancolia, sonhando o poeta que quem sabe um dia . . . poderia ser.
(O Poeta Aprendiz - Vinícius de Morais)

De todos os e-mail e telefonemas que recebi parabenizando-me pela matéria publicada nesse periódico, intitulada VIAGEM INSÓLITA, um deles me deixou particularmente envaidecido. Por ocasião da publicação da segunda crônica - dividida em quatro partes e publicadas todas as sextas-feiras durante o mês de fevereiro - me encontrava na praia da Pipa, quando o telefone tocou: era o meu amigo escritor, poeta e folclorista Deífilo Gurgel. Tivemos uma longa e agradável conversa.

Ele com sua peculiar gentileza elogiou a iniciativa e disse, entre outras coisas, que vinha acompanhando com muito interesse, todas as etapas da viagem, e ansioso perguntou: “Quando você chega à Areia Branca?” Informei que seria na terceira parte da crônica a ser publicada no dia 18. Disse ainda que quando retornasse a Natal iria lhe fazer uma visita em agradecimento ao seu simpático telefonema e aproveitaria o ensejo, para lhe entregar o diploma de sócio fundador do INRG- Instituto Norte-Riograndense de Genealogia.

Na minha modéstia experiência de vida, poucas pessoas conheci tão apaixonado por sua terra e suas tradições, como o poeta Deífilo Gurgel. Sentado em seu terraço, conversamos por mais de duas horas sem sentir o tempo passar. Foi comovente ver aquele homem falar com tanto amor e entusiasmo do seu torrão. As lembranças fluíam naturalmente. Ele às vezes de olhos fechado, lembrava de coisas do seu tempo de menino. Parecia viver aqueles momentos mágicos, de anos que já vão longe. Ali estava um homem-menino sentado em seu terraço, mas os pensamentos repousavam na distante Areia Branca de sua infância.

Entendi que naquele instante era somente a presença física do homem Deífilo, pois seus pensamentos estavam viajando para muitos anos atrás. Era sua infância de menino irrequieto, que andava pelas ruas de areia da velha cidade, que passarinhava nas redondezas e gostava de ver a “revoada dos maçaricos por entre as várzeas de pirrixiu”. Era o menino que corria por entre as matas de matapasto em brincadeira com outras crianças do lugar. Era o observador atento das “moças debruçadas na janela” e do vai e vem dos barcos que atracavam no cais de sua infância, da sua querida Areia Branca. Fiquei em silêncio observando aquele homem em seus devaneios.

Foi emocionante ver que ali estava uma pessoa realizada em todos os sentidos. Bom filho, bom pai, avô extremoso e amigo fraterno, onde do alto dos seus 85 anos de idade, bem vividos, enquanto muitos se sentem incapacitados e se entregam a uma cadeira de balanço na sala de televisão, o poeta-pesquisador está em plena atividade. Continua pesquisando o nosso folclore e escrevendo poemas maravilhosos. Tudo registrado em livros publicados e os ainda a publicar. Gosta de receber em sua morada os amigos para um papo descontraído e ao final da conversa, o interlocutor sabe que sai daquele encontro, muito mais rico de conhecimento.

O seu ritmo de trabalho é invejável. É de sua natureza produzir o máximo que for possível, pois anseia em deixar uma obra literária, que certamente será bem aproveitada e agradecida pelas futuras gerações. São tantas suas atribuições, que o dia se torna insuficiente para dar conta de todos seus compromissos.

Como havia prometido, passei as suas mãos o diploma de Sócio Fundador do INRG- Instituto Norte Rio-Grandense de Genealogia, fato que muito nos honra e engrandece nossa Instituição. Na ocasião fui por ele presenteado com um de seus livros de poemas, OS BENS AVENTURADOS. No tópico “As cidades submersas”, me encantei com uma declaração de amor a sua terra natal no poema “AREIA BRANCA, MEU AMOR”. Tive o prazer e o privilégio de tê-lo escutado, quando dessa visita, recitado pelo próprio autor. Saí daquele encontro muito feliz, assim como todos os que tiveram o prazer de sentar a sombra de sua varanda, para escutar e aprender um pouco, do muito que o poeta tem a ensinar.

Transcrevo na íntegra a poesia Areia Branca, Meu Amor, para o deleite dos leitores:

A cidade adormecida,
no coração do poeta,
entre pregões matinais,
subitamente, desperta.

Para trás da Serra Vermelha,
nasce a manhã, nas levadas,
na solidão das salinas,
nas águas envenenadas.

Maçaricos alçam vôo,
nas várzeas de pirrixiu.
pescadores solitários,
pescam o silêncio do rio.

Num bosque de matapasto,
atrás de Amaro Besouro,
desabrocha o fumo bom,
em fino cálices de ouro

Calafates calafetam
velhos barcos irreais.
Moinhos movem o vento,
nas tardes do nunca mais.

O sol se pondo na Barra,.
entre mangues e canoas,
põe rebrilhos de vitrilhos,
nas marolas das gamboas.

A noite cai. Cães vadios
ladram na rua, à distância.
Deslizam sombras esquivas,
nas esquinas da lembrança.

Todos os que se mudaram
para o outro lado da vida
e dormem, no cemitério
da cidade adormecida,

vêm a mim, me cumprimentam,
me comovo ao recebê-los,
baila uma fina poeira,
em torno dos seus cabelos.

Converso com Pum-na-guerra,
Fumo-bom e Baranhaca.
Abraço Maria Mole,

Ciço Cabelo de Vaca.

Passo no Canal do Mangue,
vou à Fuzaca, à Favela.
Na rua da frente há moças
debruçadas na janela.

D. Adelina me argúi
na taboada e ABC.
Começa tudo de novo,

Pela estrada do aprender.

Ouço as valsas da Água Doce,
nas tardes de antigamente.
entre Bois e Pastoris,
sou menino novamente.

As ruas se embandeiraram,
Há lanternas pelas portas.
São João acorda, entre o riso
de pessoas que estão mortas.

Os pés do menino vão
nessas ruas do sem-fim.
O tempo não conta mais,
partiu-se, dentro de mim.

Nesse burgo de lembranças,
guardado pela memória,
minha vida se inicia,
recomeça minha história.




































UM SER HUMANO DA MAIOR GRANDEZA
Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor e advogado
Mesmo sem ter alcançado a Academia de Letras do Rio Grande do Norte, DEÍFILO GURGEL já é considerado imortal no conceito da sociedade e no amor da população mais humilde.

Nascido em Areia Branca no dia 22 de outubro de 1926, mas residindo em Natal desde 1944, tornou-se de fato e de direito cidadão de todas as cidades.
Apesar de Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de Natal, e tendo exercido muitas atividades no campo público e privado, como funcionário do antigo Banespa, onde o conheci na Rua Frei Miguelinho, depois exerceu as funções de diretor do Departamento de Cultura da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SMEC), de Natal; diretor de Promoções Culturais da Fundação José Augusto (FJA); professor de Folclore Brasileiro na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), na verdade, a cultura foi o motivo de sua vida.

Poeta, jornalista,pesquisador, folclorista, Deífilo Gurgel foi múltiplo em sua obra literária, com destaque para O Diabo a Quatro (inédito), Romanceiro de Alcaçus (Natal: UFRN, 1993),Romanceiro Potiguar (inédito), Manual do Boi Calemba (Natal: Nossa Editora, 1985), Danças Folclóricas do Rio Grande do Norte (Natal: EDUFRN, 1995, ed.5), João Redondo - Teatro de Bonecos do Nordeste (UFRN-Vozes-Petrópolis, 1986), Câmara Cascudo - um sábio jovial. Discurso de Posse na Academia Mossoroense de Letras (Coleção Mossoroense, série B, n.º 683, Mossoró, 1989), 7 Sonetos do Rio e Outros Poemas (Natal: EDUFRN, 1983), Os Dias e as Noites (Natal: Ed. Clima, 1.ed., 1979), Areia Branca - a terra e a gente, um documento onde Deífilo Gurgel resgata a história do município e que hoje é utilizado como fonte de pesquisa pelos estudantes.

Seu último livro "Romanceiro Potiguar", está pronto para lançamento, patrocínio da Fundação José Augusto reúne 300 romances medievais, cantos de incelências que ele coletou durante 1985 e 1995, com algumas atualizações nos anos seguintes, e mais de 100 entrevistas realizadas.

Como pesquisador trilhou os caminhos do Rio Grande do Norte para levantar o acervo de romances ibéricos imortalizados por nomes como Dona Militana, de São Gonçalo do Amarante. "Não imaginava que encontraria tanta coisa!", frisou o autor durante uma de suas entrevistas concedidas à TRIBUNA DO NORTE no ano passado - sua pesquisa se contrapõe à constatação de Mário de Andrade, musicólogo e historiador que circulou pela região na década de trinta catalogando as sonoridades nordestinas. "Andrade reclamou de não ter encontrado romances por aqui, mas temos que ver ele passou um mês e meio no RN e andou pouco".

Sua cátedra na nossa Universidade Federal, era o Folclore Brasileiro, tendo recebido todo o apoio para viabilizar a divulgação de suas pesquisas.

Descobriu romances que antes só havia registro de versões em espanhol como "Milagre do Trigo", apresentado por Dona Militana. Outro destaque de seu trabalho foi o romance "Paulina e Don João", recitado por Dona Maria de Aleixo em Nísia Floresta. A terceira descoberta destacada por Gurgel foi o romanceiro Pedro Ribeiro, de São Pedro do Potengi. "Seu Pedro conhecia cantigas antigas dos tempos áureos da pecuária potiguar. Cantou vários fragmentos de romances criados por Fabião das Queimadas (1848-1928)", lembrou.

Retratado pelos amigos e biografado por nomes da intelectualidade brasileira, Deífilo Gurgel é reconhecido como um dos maiores folcloristas brasileiros, aptidão que somente descobriu aos 40 anos de idade, gênero que passou a ser o da sua preferência.

Registram os seus admiradores que existem algumas obras inéditas a publicar, como "Espaço e tempo do folclore potiguar", "Romanceiro potiguar", "No reino de Baltazar" e "O diabo a quatro" e há referência a outros trabalhos que pesquisou como o "Cavalo Moleque Fogoso", de Fabião das Queimadas, sobre quem fez um filme divulgado em DVD.

Sobre sua trajetória intelectual toda a cidade conhece e reconhece o valor incomensurável, como se comprova com depoimento de Iaperi Araújo, poeta, escritor e da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras: "Eis o mérito do professor Deífilo Gurgel: buscou as fontes primárias. Palmilhou os caminhos do Rio Grande do Norte de máquina fotográfica e gravador a tiracolo, ouvindo gente, batendo em portas e sentando-se nos terreiros das casas humildes para ouvir contarem os fragmentos desbotados da tradição popular". Recentemente o JH publicou expressivo trabalho de Ormuz Barbalho Simonetti, fora testemunhos incontáveis nos blogs e outros meios virtuais de comunicação ou entrevistas de intelectuais com divulgação em revistas e jornais.

No início desta semana surgiu uma notícia equivocada sobre o seu encantamento da vida terrena, motivando inúmeros pronunciamentos. Esclarecido o engano, a família passou a comandar as notícias oficiais, dando conta do seu precário estado de saúde.

O fato deve motivar que se reflita sobre este ser humano da maior grandeza e desperte o empenho da nossa Academia de Letras a apressar a ratificação do seu nome como novo imortal, no campo da formalidade, porquanto ele já é considerado uma bandeira de cultura, pois a sua obra impõe o registro na nossa história.

Considerado um "provinciano incurável", como Luís da Câmara Cascudo, passou toda a sua vida proclamando as nossas raízes históricas e populares, seguindo a trilha dos imortais Cascudinho e Vivi, revelando ao grande público a criatividade de dançadores de folguedos populares como Manoel Marinheiro, do Mestre Pedro Guajiru, a romanceira D. Militana, os rabequeiros André e Cícero Joaquim, os pelos três Chicos, o coquista Chico Antônio, o mamulengueiro Chico Daniel, o entalhador Chico Santeiro e o cantador Fabião das Queimadas, e tantos outros que ele soube respeitar e engrandecer na sua simplicidade imortal.
Surpreendido com a falsa notícia, também me apressei em homenageá-lo, depois suspendi a divulgação do meu modesto trabalho, quando fui incentivado pelo amigo Marcos Guerra a prestar a homenagem a Deífilo, quando vivo, o que agora faço, rogando a Deus pelo seu restabelecimento para que nos seja permitido assistir a sua solenidade de colocação do pelerine e do colar da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras.